terça-feira, 29 de agosto de 2017

As algas que asfixiam o Nabão

Uma acção atamancada


Não carece de demonstração que pouco a pouco a invasão de algas, provocada por excesso de poluição fosfatada, vai asfixiar o nosso querido Nabão. É algo que está à vista de todos. Para resolver esse problema, indicou-se nestas linhas uma solução onerosa, mas radical durante um ano pelo menos. Infelizmente, alguns eleitos não gostaram da proposta, que terão qualificado de poética.

Curiosa reacção, sobretudo quando se sabe que dragar o leito do Nabão não é coisa nova. Esta foto de Silva Magalhães, de finais do século XIX, mostra que, mesmo antes de haver máquinas para esse efeito, os tomarenses nunca hesitaram perante a necessidade de dragar o fundo do rio:


Infelizmente, dois séculos mais tarde, após onze mandatos municipais em democracia, quem dirige a autarquia nabantina decidiu atamancar em vez de corajosamente enfrentar o problema de forma eficaz. Salvar os peixes e os patos, vazar o rio, dragar todo o fundo e recolher imediatamente as toneladas de algas é algo bastante caro? É sim senhor. Mas alguém conhece outro processo eficaz para acabar com a proliferação de algas no Nabão durante pelo menos um ano?
Se dúvidas subsistem, aí estão os primeiros resultados desastrosos da acção atamancada em curso. Algas soltas por todo o lado, a roda do Mouchão parada,  atascada em algas cortadas, o açude parcialmente aberto para deixar passar os detritos, montes de algas soltas até à central eléctrica. Tudo porque alguém resolveu enveredar por caminhos menos transparentes.
De forma resumida, numa primeira versão, um grupo de "voluntários" jovens decidiu meter mãos à obra gigantesca de cortar as algas que infestam o Nabão. Contam para isso com duas pequenas embarcações, algumas ferramentas elementares e muito boa vontade. A intenção é excelente e a coragem evidente, embora ao que consta se possa tratar de trabalho remunerado de forma lateral por quem tem interesse na coisa. As eleições são dentro de um mês e o rio não está nada apresentável.
Entretanto a Rádio Hertz apresenta uma versão totalmente diferente, citando factos ocorridos durante a reunião de 28/08 do executivo camarário. Trata-se afinal de pessoal de uma empresa contratada pela câmara, o que é curioso pois nenhum dos  contactados no local assumiu essa situação. Seja qual for a verdade, duas coisas são evidentes. Por um lado, em vez de limparem o Nabão, estão a sujá-lo ainda mais, disseminando restos de algas em todo o leito, assim facilitando a sua futura propagação. Estão na verdade a semear algas, em vez de as removerem do leito do do rio, Por outro lado, tendo em conta o actual estados das coisas, nem dentro de dois ou três meses o trabalho estará concluído. Valha-nos um Santo Inverno Chuvoso. E mesmo assim...
As fotos seguintes são bastante elucidativas:







Conclusão

Quer sejam voluntários, quer sejam afinal trabalhadores de uma empresa contratada pela câmara para o efeito, por agora o Nabão está globalmente pior do que estava, apesar dos milhares de quilos de algas entretanto cortadas. Essencialmente porque, em poucas palavras, a boa vontade não basta. Como bem notou o candidato Américo Costa, do Partido Trabalhista, os trabalhos deviam ter começado no açude insuflável, progredindo para montante, o que teria evitado a propagação de algas cortadas, do Açude dos Frades até à Ponte do Flecheiro. Agora é demasiado tarde. Resta apenas a hipótese da dragagem, para evitar mais uma bronca municipal de grandes proporções.  Com as eleições já ali adiante...

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