segunda-feira, 15 de novembro de 2021

 

Gupo de índios brasileiros Tapebas

Democratas de boca

NÃO GOSTAM DE SE VER RETRATADOS

A fraca adesão à crónica anterior (24 visualizações nas primeiras 24 horas), vem confirmar uma opinião minha. Os tomarenses não gostam de se ver retratados, porque sabem que muito raramente ficam bem na fotografia. Assim, quando através do título suspeitam que lá vem mais uma foto, vingam-se por antecipação. Não lêem. (E eu ralado. Há muito que venho dizendo que escrevo "sobretudo para memória futura".) Fazem como em relação à realidade quotidiana. Fingem que não vêem. Incomoda menos a consciência.
No caso do passe gratuito a 2,50 euros para andar nos TUT, a vasta rede de transportes públicos nabantinos, eu bem sei que a maioria concorda com aquela burocracia escusada. Tal como aprovam que os cães estejam proibidos de fazer buracos num parque canino. É a mentalidade dominante em Tomar, infelizmente. Mas isso não me obriga a concordar, ou sequer a calar-me, porque calar equivale a consentir e portanto a concordar na prática.
A esmagadora maioria dos muçulmanos também segue à risca um preceito secular: "Bate todos os dias na tua mulher. Se não souberes porquê, ela sabe." Tive a sorte de não nascer para aquelas bandas. Caso contrário não iria consentir calado, e teria o pescoço em risco.
Além de intolerantes, alérgicos à crítica e acomodados, os meus queridos conterrâneos podem também ser englobados na célebre tirada do socialista Manuel Alegre, quando deputado na AR: "Quem assim procede, ou tem feitio de ditador, ou alma de lacaio." Cada um fará o favor de escolher, sendo certo que os dois termos não são incompatíveis. Pelo contrário. Regra geral, qualquer ditadorzito é ao mesmo tempo lacaio do ditador logo mais acima.
Em todo este quadro bafiento, acaba de soprar algum vento fresco revigorador, oriundo do Poder Judicial. O ministério público decidiu arquivar uma queixa da Tejo ambiente contra o site de notícias Tomar na rede. Alegava a empresa queixosa, na altura presidida por Anabela Freitas, que tinha havido atentado ao bom nome de pessoa colectiva, quando o blogue em questão se limitara a noticiar factualmente algumas falcatruas na leitura dos consumos de água.
Tratou-se na verdade de uma reles tentativa de intimidação por parte de Anabela Freitas, que já antes demonstrou conviver muito mal com opiniões divergentes. E que só ainda não resolveu acusar judicialmente outros críticos, como por exemplo o autor destas linhas, porque lhe falta coragem cívica para tanto. Vai porém fazendo, e ordenando que se faça, sempre que possível, o necessário para tornar os cidadãos submissos,  obedientes e calados.
Aqueles que eventualmente pensaram que a burocracia ligada ao passe gratuito para antigos combatentes, é um caso isolado, um simples lapso, estão enganados. Dois exemplos:
Quando a avença de estacionamento para moradores no P1, ainda era paga no Balcão único, era sempre a mesma cena ridícula. Pediam o livrete do veículo e o comprovativo de residente. Mostrava o livrete, no qual figura a morada Rua Aurora Macedo, 75. Mesmo assim, entendiam que tinha de mostrar um recibo da água ou da luz. Perguntava então se o lugar de estacionamento era para o carro ou para a casa. -Tem razão, respondiam-me. Mas é assim que está determinado. Submissão, é o que se pretende.
O outro exemplo é sobre as vacinas, para mostrar que a mentalidade é geral. Já levei as três doses, 2 Coronavac e 1 Pfizer. Para as duas primeiras vieram aqui ao apartamento, e não paguei nada.
Para a terceira dose, ou reforço, foi-me dito que era mais rápido se fosse a um dos centros de vacinação. Lá fui. É no r/c de um grande centro comercial, tem ar condicionado, sanitários amplos, espaço e cadeiras para todos. Há 25 enfermeiras a vacinar em simultâneo. Não vi qualquer sala de recobro, nem recebi qualquer indicação nesse sentido. Entregam o certificado, e colocam, quando necessário, um carimbo que torna o talão de estacionamento gratuito. Mas também é verdade que estamos no Brasil. Mais precisamente no Ceará, onde ainda há 49 tribos de índios, ou "povos originários", a maior das quais integra cerca de 40 mil Tapebas. Não é portanto o interior cada vez mais deserto do Portugal europeu.
Moral da história: É pouco provável que os tomarenses mudem. Sobretudo os que estão em posição de mando. Mas enquanto não mudarem de feitio, Tomar vai continuar a encolher. Porque vai haver cada vez mais gente a calçar os patins, por não estarem dispostos a aturar certas idiossincrasias, vulgo manias. É inevitável. Como o frio e a chuva no Inverno. Porque deixaram de vir os militares, com as suas famílias. Para o quartel general, para infantaria 15, para o hospital militar, para a banda de música, ou para a fanfarra regimental. Porque será que tudo isso se foi, quando dizem que se vivia e vive tão bem em Tomar?
Depois não venham dizer que ninguém avisou, em tempo útil.

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