sábado, 20 de novembro de 2021

 

Lisboa vista pelo Guide du Routard

Política - economia - turismo

Um pouco do nosso fado, para variar

A geral incultura ambiente, mais acentuada em Tomar, acarreta naturalmente ignorância de muita coisa elementar. Ter ou não ter mundo faz sempre muita diferença. No que concerne por exemplo à nossa reputação além fronteiras, quem conhece por exemplo o significado da expressão italiana "non fare il portoguesi"? (não seja português = não seja caloteiro, vigarista, pouco sério).
Dito isto, acabo de receber mais uma "Routard newsletter", um conjunto de informações turísticas em francês, com uma difusão semanal de 2 milhões. Eis a tradução daquilo que me pareceu mais importante:

"Em destaque esta semana

PASSEIOS EM LISBOA

Onde ouvir o fado?

Cuidado! Não é tudo a mesma coisa!  Dado o crescente interesse dos visitantes estrangeiros, tem havido ao longo dos anos muitos abusos. Consumo mínimo obrigatório de 30 a 50 euros/pessoa, acrescido muitas vezes da "taxa de espectáculo". Cozinha insípida, ou mesmo medíocre, todavia de consumo obrigatório para poder assistir ao espectáculo... Para não falar de locais onde um fado de 5 minutos interrompe meia hora de conversas em voz alta.
Dito claramente, é preciso muito cuidado, olho vivo e pé ligeiro, para encontrar um endereço 100% satisfatório... e que já esteja de novo aberto."

Claude Hervé-Bazin - Le Routard

E que têm os tomarenses a ver com tudo isso, que nos desacredita? Perguntarão os habituais pontífices locais, defensores do que está, que consideram o melhor do mundo, e por isso acima de qualquer crítica?  Nada, como é lógico. Em Tomar é sempre como diz o Pangloss, no Candide, de Voltaire, "vai tudo muito bem, no melhor dos mundos possíveis". Mas como se fala ultimamente num museu templário, ou nas obras atrás dos bombeiros, por exemplo, talvez fosse bom pensar um bocadinho, sempre que possível... 
Tenho em arquivo uma razoável quantidade de ocorrências nabantinas pouco abonatórias, que me foram relatadas por profissionais de turismo. Da guia local que desmaiou ao começar a visita, aos guias-intérpretes fechados numa sala, a ouvirem durante hora e meia alguém a perorar sobre os templários, passando pelo revestimento árabe dos paços do infante D. Henrique, os lamentos dos motoristas, obrigados a estacionar a quilómetros e sem poder descer à cidade, ou os pastéis de nata a 2 euros cada um, há de tudo. Mas é melhor não publicar. Depois o mau da fita era o autor destas linhas, como sempre. (Agradeço a honra, porém começo a não ter mais idade para endossar a pele de bode expiatório. Cansei.)

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