sexta-feira, 5 de novembro de 2021

 


Política local - obras - programas

DERRAPAGENS

Uma feliz excepção. A pequena obra de arranjo da margem do Nabão frente ao mercado não derrapou no tempo. Mas as suas consequências já estão a derrapar. O que não surpreende, sendo a própria obra produto da derrapagem de base. Explicações.
A oposição PSD, que no mandato anterior derrapou, a ponto de passarem por meros ajudantes ou servidores da maioria PS (com a notável excepção de Célia Bonet, convém realçar), parece querer agora recuperar o seu papel tradicional. Nesse sentido, vão questionando os socialistas sobre o que vai aparecendo. Como caçadores atirando a tudo o que mexe.
Tem de ser mesmo assim, uma vez que, num concelho em acentuada decadência, nem o poder nem a oposição apresentaram qualquer programa com pés para andar. Forçaram assim o eleitorado que ainda não tinha sido comprado com fundos municipais, a escolher o mal menor. A optar entre os coxos e os cegos ou, pior ainda, entre a peste e a cólera.
A modesta obra da margem frente ao mercado que não derrapou, mais não é afinal que produto da tal derrapagem inicial. Sucessivamente eleitos sem programa adequado às circunstâncias, os socialistas nabantinos recorreram ao espírito da festa dos tabuleiros. Resolveram ir ornamentando a cidade, tal como fazem os habitantes de algumas ruas para celebrar a Festa grande. E, neste caso, arranjaram mais um problema à moda de Tomar: Agora não há pesqueiros que cheguem para todos.
No âmbito mais geral, a ideia é boa, mas não genial. Provocou gastos faraónicos para resultados anões em termos de utilidade. Pior ainda, deu origem a derrapagens temporais, que só não deixaram grandes dúvidas entre os eleitores que ainda têm o hábito de pensar, porque esses já sabem muito bem o que a casa municipal gasta.
Dá para sorrir o tom constrangido do vice-presidente Cristóvão, tentando explicar as derrapagens dos sanitários da Várzea grande e da Rua Torres Pinheiro. Interpelado pela oposição, avançou com a falta de mão de obra, a pandemia e a complexidade dos empreendimentos, como justificações suficientes. Louva-se o esforço, mas topa-se que não é nada disso.
Os empreiteiros limitam-se a confiar nos acordos tácitos e reservados feitos anteriormente, e que sempre foram cumpridos. Mediante determinadas lubrificações em determinadas engrenagens, em tempo oportuno,  tanto faz que as obras respeitem ou não respeitem os prazos. A impunidade foi garantida à partida. Alguma vez alguma empresa ou algum funcionário municipal foram multados, por erros, omissões ou outras prevaricações?
Nestas condições, o que se esperaria da oposição, se fosse capaz, era que questionasse a maioria socialista sobre os seus planos para este mandato. Porque, sem ser questionada a tal respeito,  a srª presidente falou em habitação social e arranjo da margem do rio. Mas isso não é coisa nem para dois anos, quanto mais agora para quatro. 
Depois, há também e sobretudo toda uma série da carências, à cabeça das quais a óbvia falta de estruturas primárias de acolhimento para turistas, cuja resolução fica para quando? Para a celebração dos mil anos de Tomar, em Março de 2160?

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