sexta-feira, 26 de novembro de 2021

 


Autarquia - vouchers de natal - inflação

Borlas, festas e subsídios?  
Ou entradas pagas e menos taxas e impostos? 
Como parar a sangria e aumentar a população?


O parlamento francês acaba de aprovar  um diploma que tem por título "indemnização inflação". Graças a ele,  38 milhões de franceses, com rendimento mensal inferior a 2 mil euros, vão receber uma transferência bancária de 100 euros por pessoa.
Trata-se de tentar compensar o brusco aumento da electricidade e dos combustíveis, particularmente gravoso em França, devido  à necessidade imperiosa de aquecimento doméstico durante os longos meses do rigoroso inverno europeu.
No mesmo sentido, o governo socialista de Lisboa decidiu compensar os automobilistas e outros consumidores, graças aos aplicativos que permitem descontos em produtos essenciais.
Enquanto isto, a pouco mais de cem quilómetros de Lisboa, especialistas em compra de votos decidiram lançar de novo a campanha "Natal é no comércio local", que vai custar mais 100 mil euros e respectivas alcavalas aos cofres municipais. Aquilo que o ano passado se aceitou com críticas, porque havia eleições,"é guerra, é guerra", e "em tempo de guerra não se limpam armas", este ano não passa de uma nódoa económica, embora os seus patrocinadores e beneficiários pensem o contrário.
Deixando de lado a adesão do público, sabido como é que oferecendo seja o que for gratuitamente, há sempre filas e mais filas è espera da mama, o que temos? Em resumo isto: Aos 100 comerciantes locais aderentes, a autarquia oferece mil euros a cada um, colados a outros mil euros da parte dos clientes. São portanto, na melhor das hipóteses, dois mil euros para cada estabelecimento. Excelente? Pelo contrário. Mau hábito. Dependência.
Por um lado, porque se trata da época natalícia, com tendência para consumos supérfluos, como é o caso. E o incremento do consumo provoca inflação. Por outro lado, uma vez que a Câmara paga metade, é tudo gente muito séria,  sem dúvida acima de qualquer suspeita, porém haverá inevitavelmente alguns aumentos de preços, o que se compreende. "Quem parte e reparte, e não fica com uma parte, ou é louco ou não tem arte," diz o conhecido anexim.
O problema é que depois, durante o resto do ano, há comerciantes que se queixam dos elevados custos de funcionamento (água, luz, taxas, outros impostos, derramas) e da clientela cada vez mais rara, enquanto os cidadãos em geral se lastimam que em Tomar é tudo mais caro que no Entroncamento, Leiria ou Coimbra, por exemplo, onde resolvem ir comprar os que o podem fazer. Não seria mais proveitoso a médio e longo prazo, reduzir esses encargos de forma permanente a todos os comerciantes, de modo a tornar os estabelecimentos tomarenses mais competitivos no contexto regional? Era capaz de sair bem mais barato. Mas quê?
No fundo, respeitáveis cidadãos, estavam à espera de quê? Quem vos mandou votar em gente que confunde esperteza saloia com inteligência, e sabe tanto de macro-economia como o autor destas linhas de mecânica quântica? Julgam que os regimes comunistas implodiram por falta de subsídios? Sabem que na Venezuela ou em Cuba também há subsídios, mas faltam sempre produtos básicos? Porque será?
Entretanto em Óbidos, por exemplo, cujos autarcas não têm a mania das grandezas, e por isso não desperdiçam o dinheiro dos contribuintes:

Óbidos Vila Natal

De 30 de novembro a 2 de janeiro. Óbidos. Horário reduzido 11h00 às 16h00 (segunda a sexta e 24 e 1), alargado 11h00 às 19h00, e especial 11h00 às 20h00. Bilhete criança a partir de 5,50 euros, bilhete geral a partir de 7,50 euros, e bilhete família a partir de 24 euros

Jogos, rampas de gelo, simuladores de realidade virtual, bolas de sabão, luzes e o que mais couber na missão de recriar uma vila totalmente natalícia e com a devida garantia de entretenimento para toda a família. Para entrar no espírito a partir do final de novembro e manter a toada festiva até aos primeiros dias do novo ano, Óbidos volta a ativar o modo festivo em todo o seu esplendor. Pode ir planeando a deslocação e consultar a programação completa para não falhar pitada.



Para quem continua a  duvidar de que as pulgas com sorte também conseguem andar de avião, mas nem por isso deixam de ser parasitas, entre 2001 e 2021nos últimos 20 anos portanto, Óbidos, com entradas pagas, registou mais 969 eleitores inscritos e tem agora 10.563. Durante o mesmo período, Tomar, com subsídios, cartões de Natal, passeios e festas à borla, perdeu 5. 438 eleitores inscritos, e tem agora 33.892, contra os 39.330 de 2001.
São factos verificáveis. Mais comentários para quê?

ADENDA ÀS 09H37 de 27/01/2021

O exagero é de tal ordem que, mesmo sem incluir os 100 mil euros dos vouchers natalícios, Tomar já é notícia a nível nacional, no OBSERVADOR, que é de direita. Votos comprados que facultam maiorias absolutas, dão nisto:

No campeonato dos recordistas na aposta das decorações natalícias está a cidade de Tomar. Depois de em 2019 e 2020 o município não ter ido além dos 20 mil euros de investimento nesta quadra, este ano, a autarquia decidiu contratar por ajuste direto a empresa SigmaConstellation por 150 mil euros para que realize num prazo de 45 dias o evento “Tomar o Centro mágico do Natal 2021”.No campeonato dos recordistas na aposta das decorações natalícias está a cidade de Tomar. Depois de em 2019 e 2020 o município não ter ido além dos 20 mil euros de investimento nesta quadra, este ano, a autarquia decidiu contratar por ajuste direto a empresa SigmaConstellation por 150 mil euros para que realize num prazo de 45 dias o evento “Tomar o Centro mágico do Natal 2021”.










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