terça-feira, 2 de novembro de 2021

 


Política local - Bairros sociais - Convivência

O problema dos ciganos tomarenses

2 - As causas próximas

Após tanto tempo sem solução à vista, e numa cidade em acentuada decadência, cabe reconhecer a coragem dos socialistas, ao incluírem finalmente no seu programa a promessa de resolução do problema do acampamento urbano do Flecheiro. Fui dos que pensaram então que as coisas iam enfim ser executadas de acordo com as regras da arte.
Eis senão quando, por motivos ainda por apurar, o vereador/vice-presidente Rui Serrano e o até aí chefe de gabinete e motor da ideia, Luís Ferreira, abandonaram a barca camarária.
Os eleitos que ficaram têm o mérito de ter continuado com a iniciativa, mas infelizmente foram cometidos alguns erros de pesadas consequências, por evidente falta de mundo e de traquejo social. Faltou conhecer casos similares, e imperou a ideia segundo a qual só nós é que sabemos. Os outros "são todos uma cambada de parvos, que só querem é chatear e só sabem é criticar com má-fe". A partir daí, as coisas só podem acabar mal. Vejamos.
Se tem havido mundo e traquejo social suficientes, que é como quem diz experiência vivida e conhecimento prático, quem liderou o processo teria escolhido a via que se tem revelado de longe a mais barata e a mais eficaz. Negociar lealmente com a comunidade cigana, aceitando pagar-lhes somas consequentes para se irem embora, com obrigação assinada de não-retorno. Já foi feito noutras paragens, e tem resultado.
Tal não foi sequer considerado em Tomar, "porque coitadinhos, são tomarenses como nós", tendo-se optado logo pelo realojamento. Construiu-se então, com dinheiros europeus, o chamado "Bairro calé", junto à GNR. Um pré-fabricado pesado, que aguentará quando muito 30 anos. Má decisão, uma vez que as directivas comunitárias impedem a edificação de bairros para uma só etnia, como é o caso, mas os eleitos, aparentemente, não foram informados em tempo útil sobre a dita ilegalidade.
Quando finalmente a autarquia soube da directiva, em vez de emendar a mão, recorreu uma vez mais à esperteza saloia. Declarou que se trata de um "Centro de acolhimento temporário", quando todos sabemos que não é.
Agora os ocupantes, todos do clã Pascoal, fazem o que entendem quando lhes apetece, pois já perceberam que estão em plena ilegalidade, que a GNR nada pode fazer, (por para tal não ter competência atribuída, salvo urgência, apesar de estar mesmo ao lado), e que a Câmara está praticamente de mãos atadas. Dado tratar-se de um acolhimento temporário, mais tarde ou mais cedo terão de os realojar novamente. Como dizia o falecido patriarca do clã, o velho Pascoal, "isto é nosso por "usocapitão" porque já aqui estamos há mais de 30 anos. Só saímos daqui se nos derem umas casinhas à entrada da cidade."
Perante tal situação, com os prevaricadores aguardando "umas casinhas à entrada da cidade" que querem os outros cidadãos residentes que faça a PSP, com falta de efectivos e sediada do lado oposto da urbe? Há por um lado a cultura tomarense, ou a falta dela; e por outro lado a cultura cigana, e os excessos dela.
Agora que os eleitores confirmaram a gerência camarária PS por mais quatro anos, é aguentar e cara alegre. Como bem canta o Variações: "Quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que as paga, o corpo é que as paga."

ADENDA

Entretanto, mal de uns, bem de outros. Conforme já aconteceu nos anos 70, com a Quinta de Santo André vendida ao desbarato, por causa do acampamento cigano, agora a história repete-se. Com tanto barulho a altas horas da madrugada, só não muda de residência quem não pode. E assim irão aparecer por ali casas de renda moderada, próximas da Várzea grande, a "nova centralidade socialista".
Juntando-as às de renda social, cuja edificação  a srª presidente já anunciou, e que vão decerto contemplar mais alguns ciganos, vai ser um sucesso nunca visto. 
Visite Tomar, cidade da tolerância cultural. Capital da animação calé até alta madrugada. Very typical indeed! Très pittoresque! Muy castizo! Molto buono! Charmant, pour tout dire.

5 comentários:

  1. Este é um dos casos que me levam a não acreditar no socialismo nem nos seus valores, que não são praticados pelos dirigentes do partido socialista, eles só são socialistas de nome e quando lhes convém. Eles, a elite, como foi o Soares, o Sampaio, o Sócrates, o Costa, a Anabela Freitas, etc..., não seguem as mesmas leis e regras dos outros cidadãos. O Ferro foi apanhado em escutas com o Costa a dizer que se estava a "cagar" para o segredo de justiça, mas voltemos ao caso dos ciganos: é um problema cultural logo não tem solução numa democracia como a nossa. A malta do Bloco de Esquerda diz que não podemos ser racistas, não podemos generalizar, nem todos os ciganos são maus. Pois não, nem todos são, mas se calhar 90% deles são. Quantos dos elementos da família Pascoal já tiveram problemas com a justiça? Provavelmente todos com idade para serem imputáveis. E das outras? Eu nunca tive nem nenhum elemento da minha família. Quantas pessoas de Tomar já foram importunadas pelos ciganos? Eu já fui. E estava sozinho, não pude fazer nada, eles eram meia dúzia.

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    1. Você tem todo o direito de pensar e de escrever como escreve. Parece-me contudo um exagero de todo o tamanho comparar Soares e Sampaio, que foram uns senhores fora do comum pela positiva, com os nomes que menciona a seguir.
      Como decerto sabe, há dois tipos de laranjeiras. As que dão laranjas doces e saborosas, embora por vezes ácidas, e as outras que só dão laranjas incomestíveis, servindo por isso apenas para ornamentar. Em termos políticos e no que concerne aos socialistas no poder, tanto em Lisboa como em Tomar, estamos a atravessar agora a fase ornamental. São socialistas só de nome. E vão inaugurando obras ornamentais.

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    2. O Soares nunca foi socialista e arrisco-me a dizer que nenhum dirigente de topo do PS é socialista. Se aparecer lá um gajo no PS a dizer assim: "Vamos taxar as grandes fortunas, vamos pôr os ricos a pagar impostos" os outros vão dizer assim: "Ó pá, ganha juízo menino(a)" . Quem era realmente socialista era o Cunhal, conta-se que uma vez o PCP, que como sabemos tem muito dinheiro, comprou-lhe um carro novo pelos anos, era um Volvo não sei das quantas. Ele quando viu o carro disse: "Vocês acham que eu vou andar nisso?" . O carro acabou por ser vendido. Alguma vez o Soares teria uma atitude dessas, ele que vivia no luxo e na opulência????!!!!

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    3. Olhe que não, ó Helder. Sobre o Cunhal não posso falar, por falta de elementos. Com a Mário Soares falei diversas vezes e não me constou na altura que vivesse no luxo. Pelo contrário. Teve até algumas dificuldades (colmatadas com transferências da mulher, que dirigia o Colégio Moderno), antes de conseguir um lugar de "chargé de cours" na Universidade de Rennes e na de Paris VIII, cujos vencimentos não eram fabulosos. Era realmente um grande senhor. Um socialista social-democrata, humanista tolerante e aberto ao Mundo, que por isso foi exilado na ilha de S. Tomé. Merece todo o meu respeito.

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    4. Meu caro, respeito a sua opinião, mas isso de socialista social democrata não existe, ou é socialista ou social democrata. O PS não é socialista mas sim social democrata. A ASAE devia de fechar aquilo por publicidade enganosa. Eu nunca conheci o Soares mas pelo que tenho lido não era um homem modesto, até li que quando esteve exilado era um dos que tinha previlégios, ele não era sujeito ás torturas como os outros. O Cavaco também cumpriu serviço militar em Moçambique mas não era combatente. Eu cheguei a ver o Soares a ser extremamente arrogante em vários vídeos: "Ó Sr. guarda desapareça" , "O estado é que vai pagar a multa", desafiou os juízes aquando da prisão do Sócrates, era amigalhaço de figuras como o Salgado, dúvido muito que ele tenha vivido com dificuldades ou se calhar era dificuldades como as do Sócrates que vivia com ajudas da mãe.

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