terça-feira, 9 de novembro de 2021

 


Vida local - Informação

Vandalismo no que resta da Estalagem de Santa Iria, enquanto retrato de uma comunidade em acentuada decadência

O que se segue pode não ser agradável para a maioria dos tomarenses, mas seria cobardia e renúncia não dizer o que vai na alma. Publicou Tomar na rede uma notícia sobre vandalismo no edifício onde funcionou a Estalagem de Santa iria, conforme já aqui foi referido anteriormente. Estalagem de Santa Iria alvo de vandalismo | Tomar na Rede
Numa primeira impressão, confirma-se que os tomarenses se divorciaram em grande parte da política e do devir da sua amada terra (dizem eles...). Assim, o fait divers da Estalagem registou 1.500 visualizações, enquanto o caso de um advogado de Tomar a ser julgado em Santarém conseguiu 2.700. E o desaparecimento de um jovem de Abrantes, a estudar na República checa, já vai nas 2,100. Em contrapartida, a notícia da reunião da Assembleia Municipal de Tomar, com ordem de trabalhos e tudo, atingiu o total fabuloso de 183 visualizações.
Será tudo isto normal? Toda uma população que foge da leitura do que vai acontecendo na sua própria terra, desde que cheire a política? Seremos nós, tomarenses de nascimento ou por opção, parentes dos africanos avestruzes?
Mesmo entre a minoria que (ainda?) lê ocorrência tomarenses, não se pode dizer que abunde a qualidade do raciocínio, ou do conhecimento prévio. Na já citada local sobre o acto de vandalismo no edifício da Estalagem, constam seis comentários. Para um total de 1.500 leitores, esperava-se mais abundância. Mas escrever obriga a pensar, e pensar cansa, como é sabido.
Detalhando os acima referidos seis comentários, o primeiro relaciona o vandalismo com falta de civismo e de educação, alude à ausência de policiamento e aventa a hipótese de criação de uma polícia municipal, uma vez que a autarquia é, segundo escreve o comentador, especialista em criar emprego público, pago pelos contribuintes.
O segundo comentário carrega no pedal: Não é só falta de policiamento. Faltam tribunais punitivos. E seria bom pôr a salvo os candeeiros da Estalagem que ainda lá estão.
O terceiro comentário revela um desconhecimento geral, que até incomoda. Avança que a Câmara devia arrendar aquele espaço, mesmo por pouco dinheiro, para haver alguém que tome conta.
O quarto comentário denota outro mundo, outro estilo e outra cabeça. Tudo acima da mediania local. Infelizmente mostra também desconhecimento absoluto da intrincada situação administrativa da Estalagem. Ou será apenas simulação?
O quinto comentário é o único que mostra haver conhecimento do problema e da sua envolvência, sem contudo avançar hipóteses de ultrapassagem, o que é pena.
Finalmente o sexto opinante revela ser um adepto do "big brother is watching you", e está tudo dito.
Num universo de 36 mil eleitores inscritos, estes seis comentários não parecem muito abonatórios para a média geral. Convém no entanto ter em conta que, desde há oito longos anos, temos uma maioria autárquica que tudo faz para, em simultâneo, controlar a informação pela compra, e hostilizar quem continua a ousar criticar frontalmente. É portanto natural que haja cada vez mais, entre os tomarenses, medo de dizer aquilo que se pensa. O que é muito preocupante para os que ainda resistem, pois não parece ser por aí o caminho certo para sair da crise. E haverá cada vez mais gente a fazer a mala. Mesmo se e quando houver mais casas de renda controlada...

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