segunda-feira, 2 de abril de 2018

A tradição e a Estalagem

A Rádio Hertz cumpriu a tradição  (uma expressão em tomarês). Noticiou a peta do 1º de Abril e, mais tarde, para que dúvidas não houvesse, esclareceu que tinha sido mesmo uma brincadeira. Cumpriu a tradição e foi certeira. Usou um tema que preocupa os tomarenses interessados no futuro da nossa terra. Com efeito, o problema da Estalagem de Santa Iria tem todos os ingredientes para se transformar em mais uma daquelas doenças crónicas de que enferma a cidade. 
Que doenças crónicas? As ruínas do Convento de Santa Iria, a ex-esquadra da PSP, o ex-Parque de campismo, a falta de balneários capazes e de bancadas no ex-estádio municipal, agora simples campo de treinos, a estrada do Convento que ficou demasiado estreita, os autocarros de turismo que não podem descer à cidade, a falta de instalações sanitárias, a ausência de planos adequados e fecundos, a ligação rápida e não poluente cidade-castelo, a falta de investimento, a falta de emprego, e por aí adiante.

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Dois aspectos do ex-convento de Santa Iria

Abreviando, se excluirmos a ponte da estrada da Serra, os arruamentos em Palhavã, o realojamento de algumas famílias, os arranjos na Sinagoga, a reparação de  quatro arcos dos Peções e a regulamentação do estacionamento na cidade, tudo o resto está praticamente como há cinco anos atrás. Não anda nem desanda. E os residentes são cada vez menos. Por alguma razão será.
Retomando o caso da estalagem, a situação não será a melhor. O autor destas linhas já solicitou documentação sobre essa matéria, que não recebeu no prazo legal, pelo que  recorreu à CADA, após o que, se necessário, passará para o foro judicial. Diz o povo que nunca é bom sinal quando se procura esconder algo, contrariando a Lei. Chamam-lhe tentativa de encobrimento.
Conforme aqui foi escrito anteriormente, é pouco provável que alguém arrisque candidatar-se à concessão da estalagem, sem que a mesma sofra antes uma considerável remodelação, que pelo menos lhe duplique o total de camas. Simplesmente porque, nas actuais condições, aquilo não pode ser rentável de modo algum, excepto se a transformarem num lupanar. E mesmo assim teriam de ser pensionistas com muita classe, para atrair clientela de fora.
O óbice principal da inevitável remodelação até pode não ser a falta de meios da autarquia, uma vez que há fundos europeus. O grande desafio será obter a concordância dos senhores técnicos superiores municipais, para quem qualquer alteração de cércea ou de aspecto exterior é logo à partida considerado um crime gravíssimo. O que significará meses, talvez até anos, de manobras burocráticas, capazes de dissuadir  o mais corajoso, tolerante e paciente empresário. Como desabafava um deles aqui há tempos, quando questionado sobre o facto de se ter afastado do vale do Nabão -O problema em Tomar nem é propriamente a corrupção. São os custos exorbitantes, porque tempo é dinheiro. Mais claro é difícil.
Nestas condições, jogando pelo seguro, a actual maioria é bem capaz de também cumprir a tradição, tal como os seus antecessores fizeram em relação ao ex- Convento de Santa Iria. Anunciam a abertura do concurso para a concessão, no estado em que se encontra, e aguardam. Caso não apareçam interessados, que é de longe o mais provável, adormecem o processo, à espera de melhores dias, que naturalmente nunca mais chegam. Será mais um engulho para a próxima maioria.
"Dá tempo ao tempo irmão. O tempo dá-te todas as respostas."

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. A Estalagem é tida como Património da cidade? Se é, não percebo porquê. Alguém me faça o favor de explicar.
    Se eu fosse presidente da câmara, disponibilizaria esse espaço a preços módicos (simbólicos) para escritórios de jovens que desejem iniciar-se como novos empresários na área das novas tecnologias (e não só). Por exemplo: 100 a 150 euros mensais. Vão ver que vão aparecer aos montes. Só quero ajudar.

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  3. Deixa-te de perguntas retóricas, Fernando. És tomarense como eu e por isso sabes muito bem que aqui nesta nossa querida terra é tudo património sagrado. Nada pode ser alterado. Não se lhe pode mexer. Quando algum interessado mais bárbaro tem o mau gosto e a audácia de insistir em qualquer ideia de alteração, exige-se-lhe logo um projecto de arquitectura "que deve mandar executar no gabinete X", por razões óbvias. Feito e pago o dito, terá de esperar meses e meses, aceitar não sei quantas alterações e pagar mais umas alcavalas, até que finalmente lhe comunicam que o seu pedido foi indeferido, por contrariar o disposto na Lei tal, no decreto tal, no plano tal, na portaria tal e no despacho tal. Há legislação para indeferir tudo e o seu contrário
    Felizmente ou não, quando o Gualdim veio edificar o castelo lá em cima, ainda não havia autarquia nem DGT. Se houvesse nem sequer teria podido começar, por se tratar de uma área florestal protegida. Tás a ver?
    Para a ideia que avanças até há outros espaços disponíveis e aos ratos. A ex-esquadra da PSP e a parte do ex-GAT, no Convento de S. Francisco, por exemplo. Mas para quê atrair jovens? Na óptica dos instalados e do império dos sentados, só arranjam problemas. Basta ver o que acontece com as hortas municipais. Os agricultores nas horas vagas que foram beneficiados, agora até já queriam apoio técnico. Onde é que já se viu?
    O pessoal da autarquia quer é descanso, bom trato e o ordenado ao fim do mês. Os outros que se lixem.

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