Pois foi! Há 44 anos, corajosos militares profissionais, causticados por sucessivas comissões nas guerras de África, ousaram avançar contra os governantes de então. Venceram; são agora uns heróis. Bem-hajam!
Em Tomar, conquanto não haja nada para comemorar, a Assembleia Municipal reúne-se na biblioteca também municipal, sem que se saiba porquê, ou se perceba bem para quê. Haverá os discursos da praxe, como no dia 1 de Março. Só faltarão as usuais condecorações municipais, porque realmente neste caso não haveria ninguém digno de as receber. Com efeito, lamenta-se ter de o dizer mais uma vez, Tomar não teve rigorosamente nada a ver com a preparação ou com a execução da revolta libertadora do 25 de Abril.
Apesar de ser então um dos principais centros militares do país, com 3 unidades instaladas na cidade -Quartel general da região centro, Regimento de infantaria 15 e Hospital militar regional 3- nenhuma delas teve qualquer participação no "movimento dos capitães". Pelo contrário. Em Março de 1974 houve um primeiro levantamento militar, no Regimento de infantria 5, nas Caldas da Rainha.
Uma coluna marchou sobre Lisboa, mas ficou-se pelas proximidades do aeroporto, por razões ainda hoje por esclarecer cabalmente, tendo depois regressado ao quartel, que continuou amotinado. Foi uma outra coluna, ida de Tomar, que cercou aquela unidade militar, tendo conseguido a rendição dos insubordinados, muitos dos quais -entre eles alguns oficiais organizadores do 25 de Abril- foram presos e deportados para os Açores.
É claro que, com tal credencial, o 25 de Abril não podia ser bom para Tomar. Os militares de Abril eram cristãos, porém não ao ponto de darem a outra face após a primeira bofetada. Quartel general e Hospital militar foram-se. Resta Infantaria 15. O nome, porque quanto a efectivos, já não será sequer um batalhão, quanto mais agora um regimento.
Isto quanto ao aspecto militar. Na área civil, Tomar vitoriou pouco depois o senhor general Spínola, numa grande manifestação na Praça da República. A partir daí, tem sido como todos sabemos. Os primeiros três presidentes de câmara livremente eleitos, foram antes servidores sem mácula do regime anterior. E até hoje, só Pedro Marques, Carlos Carrão e Fernando Corvelo de Sousa não eram funcionários públicos quando se candidataram. Em 8 presidentes, temos de reconhecer que é pouco e que algo vai mal na Tomarilândia.
Entretanto, no patamar intermédio da escadaria dos Paços do concelho, substituiram o velho painel de azulejos por um mais moderno, pretensamente de acordo com os novos tempos. O painel antigo dizia "Tudo pela nação, nada contra a nação". No painel novo lê-se "O povo é quem mais ordena".
Entretanto, no patamar intermédio da escadaria dos Paços do concelho, substituiram o velho painel de azulejos por um mais moderno, pretensamente de acordo com os novos tempos. O painel antigo dizia "Tudo pela nação, nada contra a nação". No painel novo lê-se "O povo é quem mais ordena".
Sintetizando razões e tendo em conta a triste situação política que se vive em Tomar, onde é cada vez mais evidente o autocratismo tacanho e surdo, tipo quero, posso, mando, determino e mando publicar, Tomar a dianteira sugere que se mude de novo o painel de azulejos da escadaria dos Paços do concelho. Ficaria bem o dístico Tudo pela maioria eleita e pelos funcionários superiores municipais; nada contra a maioria eleita e os seus acólitos.
É assim que estamos, 44 anos após o Abril libertador. E a culpa é nossa., tomarenses de ascendência ou de residência. Só nossa.
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