sábado, 14 de abril de 2018

Opções camarárias mal calculadas

A notícia também chegou aqui, pois é um lugar comum dizer que o mundo está tranformado numa aldeia. Foi um lindo sábado em Tomar, com juventude por todos os cantos. Graças ao Festival de Tunas e ao encontro nacional de alunos de Religião e moral católicas. Este trouxe até à cidade cerca de duas mil pessoas, o que pode constituir uma excelente acção de promoção turistica se...
Para acolher esses jovens, resolveu o vereador responsável mandar montar uma tenda gigante no Mouchão. Houve quem não gostasse da ideia, o que gerou protestos nas redes sociais. O autarca em causa -honra lhe seja feita- respondeu prontamente nas mesmas redes, afirmando que era uma excelente acção em prol do turismo tomarense e que o Mouchão não é um jardim, mas sim um local para eventos.
Tomar a dianteira concorda com a primeira se... conforme já foi dito acima, mas discorda frontalmente da segunda. Por três razões centrais. Primeiro, porque o Mouchão não tem estruturas de apoio para eventos. Há apenas uns sanitários minúsculos ao lado do ex-estádio municipal, faltando por exemplo acessos amplos e contentores de resíduos sólidos, o que deu este lindo resultado, prontamente denunciado, com inteira justiça, por tomar na rede:

Foto Tomar na rede

Agora, por um lado os jovens católicos são acusados pelos tomarenses de serem pouco asseados, quando a culpa não lhes cabe de todo. Por outro lado, não é difícil vaticinar que poderão não ir dizer muito bem da organização tomarense, o que será péssimo para o turismo local.
Segundo, porque o Mouchão sempre se chamou "Mouchão parque" exactamente por ser um jardim, como de resto bem mostram as plantas, a relva, (ou o que dela resta), e os canteiros. Porque a autarquia optou por transformá-lo em local de eventos, de quando em vez o lamentável aspecto é este:


Fotos José Jorge

Em terceiro lugar, a menos de um quilómetro dali, na antiga Cerca conventual, actual Mata dos Sete Montes, há sanitários modernos e espaçosos, com recepção e tudo:


construídos com fundos europeus e da autarquia, no tempo de António Paiva, mas agora praticamente abandonados. E, logo mais acima, um magnífico terreiro, maior que o do Mouchão, também ao abandono:


Fotos Fernando Henriques

É um contraste chocante. No Mouchão, a relva semeada está como documentado acima. Na Mata, a relva espontânea está uma verdadeira maravilha. E a mata é que não é de certeza um jardim.
Temos assim um local fechado, próximo do centro da cidade e dos transportes públicos, óptimo para eventos, com amplas entradas, muito espaço, contentores de lixo, sanitários modernos e espaçosos, parque para merendar, local para tomar e deixar passageiros sem prejudicar o trânsito, que está praticamente esquecido.
Não é da autarquia, bem sei. Mas  que impede a autarquia, que até lá instalou um parque infantil, de reivindicar a sua utilização e gestão? Daria muito trabalho, é isso?

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