sábado, 29 de julho de 2017

"Sei muito bem o que quero e para onde vou"

O título acima é uma afirmação de Salazar, nos anos 30 do século passado, logo no início do seu longo consulado, pouco depois de os militares do 28 de Maio o terem ido convidar a Coimbra, onde era professor. O resto é bem conhecido. A polícia política, a censura, o regime de partido único, as eleições falseadas, as prisões por delito de opinião, a longa guerra colonial, que originou milhares de mortos...
Numa altura em que consta que o padre vigário de Tomar é um sério candidato a bispo sucessor do actual, que atingiu o limite de idade, alguém me fez chegar esta fotografia, pedindo para a publicar:


Nela figuram, da esquerda para a direita, o padre Tereso, da Serra, o padre Sérgio, de Alviobeira e Além da Ribeira, o padre Mário, vigário forâneo de Tomar e o padre André, da Junceira e Olalhas
O local é a campa de Salazar, no cemitério de Santa Comba Dão, com a legenda "Havemos de chorar os mortos se os vivos O não merecerem." É igualmente uma citação do falecido presidente do conselho, que na sua versão original se referia aos mortos na guerra colonial, então designada "guerra do ultramar": "Havemos de chorar os mortos se os vivos OS não merecerem." Uma pequena diferença que faz toda a diferença. 
Graças à acção abnegada e heróica dos militares de Abril, antes combatentes em África, vivemos felizmente em paz e num país livre há 43 anos. É portanto natural que cada cidadão possa peregrinar para onde entender e lhe convier. Eu visito por vezes a campa de Salgueiro Maia, em Castelo de Vide, que avançou, enfrentou o poder ditatorial, venceu e se retirou. Sem aguardar louros ou outras benesses.
Neste caso, os senhores padres resolveram ficar na fotografia junto à campa de um ditador, que antes havia sido seminarista  e toda a vida foi católico conservador. Nada tenho a reprovar-lhes, embora surpreendido. Estranho também que o padre Mário se tenha posto na posição de "sentido". Mesmo assim, conquanto não praticante e apesar de algumas divergências, aqui deixo votos sinceros para que seja o próximo bispo de Santarém. Os tomarenses em geral só terão a ganhar com isso, pois ficarão decerto contentes por vê-lo na capital ribatejana. E muitos católicos praticantes sentir-se-ão orgulhosos, creio eu. Que também sou crente. 
Seja feita a vontade do Senhor!

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