Património natural e edificado
Câmara de Tomar assume gestão
da antiga Cerca conventual
É uma decisão positiva que se apoia, porém tardia e se calhar insuficiente. Depois de ter gasto milhares de euros com pulverizações sem êxito, e com um furo artesiano junto ao Tanque da cadeira d'El-rei, procurando sem sucesso resolver o problema da buxo da entrada, alegadamente atacado por um fungo, a maioria socialista lá acabou por aceitar a voz do povo: o problema é falta de rega, falta de água, falta de pessoal e falta de manutenção. O fungo foi só um argumento oportuno. A haver mesmo fungo, porque apareceu só agora? Para chatear a maioria autárquica?
Ao conseguir obter do governo a gestão da Mata (ver link), e imediatamente entregar a respectiva manutenção e recuperação a uma empresa privada, por ajuste directo, a Câmara andou bem e merece aplauso, mas nada de ilusões. Não basta celebrar um contrato visando zelar pela Mata. É indispensável fixar por escrito as tarefas obrigatórias a desempenhar e a respectiva frequência. Sem isso...
A partir de 1613, data de entrada em funcionamento do aqueduto filipino de abastecimento de água, criou-se na zona um ecossistema com microclima, abrangendo o conjunto Cerca-Convento-Castelo, o qual se manteve activo durante séculos, até que o Seminário das Missões abandonou as instalações conventuais, no final do século XX. Constatando a falta de manutenção e de fiscalização, a população limítrofe, que até então desviava água do aqueduto de forma moderada, passou a desviar todo o caudal, alegando que as nascentes secaram, ou que a conduta a seguir à Porta de ferro está entupida.
Dessa rapina sem vergonha, resulta que a água deixou de correr no aqueduto, os três tanques da Cerca deixaram de servir e as regadeiras tradicionais do Chouso e do Pomar do castelo têm-se deteriorado a olhos vistos, tal como como acontece com os Pegões. E a vegetação da Cerca vai sofrendo as consequências. Não é só o buxo da antiga Horta dos frades, que secou. A Alameda dos freixos, outrora frondosa, também secou, tal como a "Fonte da racha" e centenas de árvores da encosta norte, enquanto o Ribeiro dos 7 montes do lado sul da entrada deixou de correr, faltando-lhe a água proveniente dos Pegões, via Tanque da Cadeira d'El-Rei.
De maneira que, em jeito de conclusão, se a Câmara pretende realmente resolver o grave problema da Mata, terá agora de arranjar coragem para pressionar de forma eficaz a direcção do Convento de Cristo, no sentido de esta assumir as suas responsabilidades como proprietária de facto. Mandar reabilitar todo o aqueduto, da Boca do cano à Torre Dª Catarina, pôr de novo a água a correr de forma permanente no aqueduto, e contratar pessoal para posterior manutenção e fiscalização. Só depois, passados alguns anos, teremos de novo água nas camadas freáticas das encostas norte e poente, proveniente das escorrências do Chouso e do Pomar, o verde passará a ser mais verde, e o fungo do buxo irá para outros locais turísticos.
Sem a requalificação integral do aqueduto e a indispensável fiscalização posterior, tarefas da responsabilidade da Museus e Monumentos de Portugal, EP, que tutela o Convento e o Castelo a partir de Lisboa, quando a sede da autarquia está a menos de um quilómetro, tudo aquilo que a empresa contratada pela Câmara possa vir a fazer de positivo na manutenção da Cerca, não passará afinal de algo parecido com colocar pensos desinfectantes em perna de pau carunchosa, à espera que resulte. Porque sem água nos tanques nem nas regadeiras de forma permanente, boa vontade não chega de modo algum.
Por falar em água hoje houve reunião extraordinária da AM de Tomar para discutir o tarifário e o futuro da Tejo Ambiente. Mais uma reunião onde desta vez TODOS os deputados leram as intervenções. Já era penoso para nós ouvirmos p Bruno Graça, Américo Costa e Paulo Mendes a lerem o papel, agora os outros também!!! "Fooodaasseee"!!! É que não passa nada... No final da intervenção não fica nada da mensagem. É horrível, tirem-me deste filme. Fazem-me lembrar muitos professores que eu tive e que eram horríveis, muito maus a ensinarem a mensagem, mal empregado o dinheiro nos salários e nas senhas de presença destes calões que não se esforçam ....
ResponderEliminarTambém assisti a uma parte no ecrã da televisão. São todos muito telegénicos. Há esse problema de lerem os discursos, mas não se pode ter tudo. O director-geral da Tejo Ambiente deu-lhes cá uma banhada...sem necessidade de ler a intervenção. Quem sabe, sabe! Mas a Tejo Ambiente por enquanto é uma desgraça. Pode e deve melhorar...ou dar lugar a outros.
EliminarSim, o director geral da Tejo Ambiente esteve muito bem, notava-se que estava muito bem preparado. Ninguém falou de um factor muito importante que é o preço da água fornecida em alta pela EPAL que dá um lucro fabuloso, o Zé Caldas já aqui o mencionou são cerca de 30% da faturação segundo me recordo. É muito, é uma vergonha!!! E esse lucro vai para onde? Para o estado? O estado é que é o dono das águas de Portugal.
EliminarO mesmo se passa com a caixa geral de depósitos, pertence ao estado, logo a todos nós, e esmiufra os portugueses, e assim é que eles vão buscar o dinheiro....