sexta-feira, 21 de março de 2025


Tanque da cadeira d'El-Rei, por onde a água dos Pegões entrava na Cerca e chegava ao Convento e Castelo. Actualmente uma ruína a pedir reabilitação.

Património natural e edificado

Câmara de Tomar assume gestão 
da antiga Cerca conventual


É uma decisão positiva que se apoia, porém tardia e se calhar insuficiente. Depois de ter gasto milhares de euros com pulverizações sem êxito, e com um furo artesiano junto ao Tanque da cadeira d'El-rei, procurando sem sucesso resolver o problema da buxo da entrada, alegadamente atacado por um fungo, a maioria socialista lá acabou por aceitar a voz do povo: o problema é falta de rega, falta de água, falta de pessoal e falta de manutenção. O fungo foi só um argumento oportuno. A haver mesmo fungo, porque apareceu só agora? Para chatear a maioria autárquica?
Ao conseguir obter do governo a gestão da Mata (ver link), e imediatamente entregar a respectiva manutenção e recuperação a uma empresa privada, por ajuste directo, a Câmara andou bem e merece aplauso, mas nada de ilusões. Não basta celebrar um contrato visando zelar pela Mata. É indispensável fixar por escrito as tarefas obrigatórias a desempenhar e a respectiva frequência. Sem isso...
A partir de 1613, data de entrada em funcionamento do aqueduto filipino de abastecimento de água, criou-se  na zona um ecossistema com microclima, abrangendo o conjunto Cerca-Convento-Castelo, o qual se manteve activo  durante séculos, até que o Seminário das Missões abandonou as instalações conventuais, no final do século XX. Constatando a falta de manutenção e de fiscalização, a população limítrofe, que até então desviava água do aqueduto de forma moderada, passou a desviar todo o caudal, alegando que as nascentes secaram, ou que a conduta a seguir à Porta de ferro está entupida.
Dessa rapina sem vergonha, resulta que a água deixou de correr no aqueduto, os três tanques da Cerca deixaram de servir e as regadeiras tradicionais do Chouso e do Pomar do castelo têm-se deteriorado a olhos vistos, tal como como acontece com os Pegões. E a vegetação da Cerca vai sofrendo as consequências. Não é só o buxo da antiga Horta dos frades, que secou. A Alameda dos freixos, outrora frondosa, também secou, tal como a "Fonte da racha" e centenas de árvores da encosta norte, enquanto o Ribeiro dos 7 montes do lado sul da entrada deixou de correr, faltando-lhe a água proveniente dos Pegões, via Tanque da Cadeira d'El-Rei.
De maneira que, em jeito de conclusão, se a Câmara pretende realmente resolver o grave problema da Mata, terá agora de arranjar coragem para pressionar de forma eficaz a direcção do Convento de Cristo, no sentido de  esta assumir as suas responsabilidades como proprietária de facto. Mandar reabilitar todo o aqueduto, da Boca do cano à Torre Dª Catarina, pôr de novo a água a correr de forma permanente no aqueduto, e contratar pessoal para posterior manutenção e fiscalização. Só depois, passados alguns anos, teremos de novo água nas camadas freáticas das encostas norte e poente, proveniente das escorrências do Chouso e do Pomar, o verde passará a ser mais verde, e o fungo do buxo irá para outros locais turísticos.
Sem a requalificação integral do aqueduto e a indispensável fiscalização posterior, tarefas da responsabilidade da Museus e Monumentos de Portugal, EP, que tutela o Convento e o Castelo a partir de Lisboa, quando a sede da autarquia está a menos de um quilómetro, tudo aquilo que a empresa contratada pela Câmara possa vir a fazer de positivo na manutenção da Cerca, não passará afinal de algo parecido com colocar pensos desinfectantes em perna de pau carunchosa, à espera que resulte. Porque sem água nos tanques nem nas regadeiras de forma permanente, boa vontade não chega de modo algum.


3 comentários:

  1. Por falar em água hoje houve reunião extraordinária da AM de Tomar para discutir o tarifário e o futuro da Tejo Ambiente. Mais uma reunião onde desta vez TODOS os deputados leram as intervenções. Já era penoso para nós ouvirmos p Bruno Graça, Américo Costa e Paulo Mendes a lerem o papel, agora os outros também!!! "Fooodaasseee"!!! É que não passa nada... No final da intervenção não fica nada da mensagem. É horrível, tirem-me deste filme. Fazem-me lembrar muitos professores que eu tive e que eram horríveis, muito maus a ensinarem a mensagem, mal empregado o dinheiro nos salários e nas senhas de presença destes calões que não se esforçam ....

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    1. Também assisti a uma parte no ecrã da televisão. São todos muito telegénicos. Há esse problema de lerem os discursos, mas não se pode ter tudo. O director-geral da Tejo Ambiente deu-lhes cá uma banhada...sem necessidade de ler a intervenção. Quem sabe, sabe! Mas a Tejo Ambiente por enquanto é uma desgraça. Pode e deve melhorar...ou dar lugar a outros.

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    2. Sim, o director geral da Tejo Ambiente esteve muito bem, notava-se que estava muito bem preparado. Ninguém falou de um factor muito importante que é o preço da água fornecida em alta pela EPAL que dá um lucro fabuloso, o Zé Caldas já aqui o mencionou são cerca de 30% da faturação segundo me recordo. É muito, é uma vergonha!!! E esse lucro vai para onde? Para o estado? O estado é que é o dono das águas de Portugal.

      O mesmo se passa com a caixa geral de depósitos, pertence ao estado, logo a todos nós, e esmiufra os portugueses, e assim é que eles vão buscar o dinheiro....

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