Política local

UMA SITUAÇÃO ESTRANHA

Estamos a duas semanas do prazo limite para entregar as listas eleitorais no tribunal. Assim mais por alto, não é na próxima segunda-feira, mas na outra, 2 de Agosto de 2021. Numa terra cuja informação local pouco ou nada diz sobre política, e praticamente ninguém faz análise nessa área, qual é nesta altura a situação? 

(Dirão os bem intencionados do costume que, quanto a informação, nas outras terras é igual ou ainda pior. É capaz de ser. Mas aqui escreve-se sobre Tomar e para tomarenses de nascimento ou de adopção. Portanto, o que acontece ou deixa de acontecer nessas referidas terras, é da exclusiva conta dos seus habitantes. A menos que possa ter implicações em Tomar, ou que precisem de ajuda urgente, devido a algum percalço inesperado.)

Nesta altura, das sete formações concorrentes, apenas duas ainda não quiseram ou não puderam apresentar todos os seus candidatos. Falo do Chega e do PS. 

Quanto ao estreante partido de Ventura, compreende-se a dificuldade. Num concelho de hipócritas políticos,  que em 24 de Abril de 74 eram quase todos da situação, como então se dizia, mas uma semana mais tarde já desfilavam aos milhares e com bandeiras vermelhas do PCP, na manifestação do 1º de Maio, não espanta que Nuno Godinho encontre imprevistas dificuldades para arranjar candidatos. Os tomarenses são quase todos do partido "estou consigo, mas não me comprometa". Frase que vão repetindo, caso haja convites de várias formações.

Já no PS-Tomar a música é outra. Como e porque é que um partido instalado há 8 anos no poder local, aí detendo maioria absoluta, ainda não conseguiu apresentar as suas listas completas, para o executivo e a AM? Também está com dificuldades de recrutamento? Ou será apenas de qualidade? Em qualquer caso, é preocupante para 26 de Setembro. Quando as moscas hesitam, é que o poiso não agrada.

Há quatro anos houve aquela jogada de última hora, combinada com os IpT, que mesmo assim só resultou parcialmente, pois muitos resolveram passar-se para o PSD. Desta vez é bem mais complicado. Mesmo que o PS venha a vencer, o que está por demonstrar, adeus maioria absoluta, olá coligação indispensável.

Com quem? Boa pergunta. Em Lisboa o Medina aliou-se com o Livre, mas em Tomar não há Livre. Com a CDU? Faltando saber se conseguem eleger um vereador, o desastre de 2017 ainda não foi digerido. Bruno Graça fez um bom trabalho, mas o eleitorado tradicional não apreciou. Outro tanto se poderá dizer do Bloco, já a padecer algumas consequências do relacionamento inconsequente a nível nacional. Na mente simples do eleitor popular, partido de protesto que não pia, é gaita que não assobia. Não serve para nada.

Restam o CDS e o PSD. Sendo Caldas Vieira um excelente candidato, é bem possível que o CDS consiga eleger um vereador em Tomar, que bastante jeito lhe faria, pois a sondagem da Aximage, publicada hoje no Expresso online, credita o partido do Chicão com apenas 0,9%.Nunca a miséria foi tal. Mais uma razão para Caldas Vieira ser bastante exigente, caso venha a ser eleito e depois sondado para "fazer uma perninha".

Com o PSD a situação é semelhante. Durante estes últimos quatro anos, foram praticamente ajudantes do PS no executivo, com destaque para aquele curioso duo na Rádio Hertz. O resultado final não é nada brilhante, como se sabe. Mostrando que a estranha actuação laranja no executivo não foi ditada nem por Lisboa nem pela estrutura local, só a acutilante Célia Bonet se salva parcialmente. Vai para a AM, onde fará um excelente lugar, estou certo disso. Os outros terão de aproveitar o tempo livre para irem à pesca...de futuros mandatos interessantes.

Ousará a candidatura laranja coligar-se posteriormente com o PS, caso não vença, ou mesmo vencendo sem maioria absoluta? Na política também é a ocasião que faz o ladrão.

Vêm aí tempos difíceis, a exigir negociação entre gente pouco habituada a negociar. Com destaque para o PS, que nem sequer demonstra saber ou querer dialogar. Problema deles. Mas se nem sequer conseguiram até agora apresentar as listas completas...