sexta-feira, 16 de julho de 2021

 



Gestão municipal/ Festa templária

UM ASSALTO AO ORÇAMENTO MUNICIPAL

Tomar a dianteira já denunciou em 12 de Julho o escândalo financeiro da Festa templária, na crónica Faz de conta que é uma auditoria. Volta agora ao tema, porque factos convergentes parecem indicar que se trata de um caso de nítido peculato. Utilização indevida de dinheiros públicos em proveito próprio. Para comprar votos.
Apesar de acusado de excessiva severidade, e mesmo de agressividade, a realidade mostra que no texto antes citado, Tomar a dianteira foi demasiado benévolo, tanto nos comentários como nos números apresentados. 
Usando agora apenas a nudez forte da verdade, sabe-se que o designado Assalto ao Castelo, integrado na Festa templária, foi comprado a uma empresa de Santa Maria da Feira (distrito de Aveiro) por 50 mil euros. Assistiram ao dito assalto dois grupos de 120 pessoas, num total de 240 espectadores, todos  com bilhetes gratuitos.. Donde resulta que, sem contar com outras despesas anexas (já lá iremos), cada espectador custou 208 euros ao orçamento municipal. Para quê? Tratava-se de algo essencial (comida, vestuário, calçado, medicamentos, alojamento)?
Caso para dizer, sem margem para dúvidas, que o tal Assalto ao castelo foi na verdade um eufemismo para designar um Assalto ao orçamento municipal. E para quê? Quando se escreve que a actual maioria socialista não se cansa de procurar comprar votos, os visados ficam muito ofendidos. Mas não se queixam ao poder judicial, por abuso de liberdade de imprensa, não vá dar-se o caso de...
Alegam, como justificação para o regabofe, a necessidade de animação turística, e a assistência monetária aos artistas locais, muito atingidos pela pandemia. Pois seja. Mas neste caso não se vê como nem porquê. Duzentos e quarenta turistas assistindo ao dito assalto? E como souberam antes onde e como fazer fila para obter os bilhetes?
Resta a invocada ajuda aos artistas concelhios, que neste caso não cola de todo. A empresa beneficiada com o ajuste directo é de Santa Maria da Feira, distrito de Aveiro. É por conseguinte lá que deve receber tal benesse, caso sejam tão mãos largas como em Tomar, o que se duvida. Até costumam dizer por aquelas bandas que "fidalguia sem comedoria, é gaita que não assobia". Eles lá sabem.
O escândalo é de tal monta que até a associação coordenadora da actividade. a Thomar Honoris, julgou necessário esclarecer que participou no assalto com 56 figurantes, "gratuitamente e de forma voluntária". Alertado pelos vocábulos gratuito e voluntário, Tomar a dianteira foi consultar a lista das entidades subsidiadas em 2021 pela Câmara.
A actual maioria socialista estabeleceu três programas anuais de ajuda às associações concelhias. Gente rica é outra coisa. Programa 1 - Actividade regular; Programa 2 - Apoio a eventos; Programa 3 - Programa base. Colectividade elitista, como o próprio nome indica, Thomar Honoris nada recebeu no programa base, mas abichou 6.700 euros no programa 1, mais 17.790 no programa 2, num total de 24.490 euros.
Nada mau para uma participação "gratuita e voluntária". Se calha a ser forçada e a pagar, a gente imagina quanto ia custar.
Este escândalo da Festa templária é apenas mais um a juntar ao rol de compras da autarquia. Que anteriormente destinou 530 mil euros, para ajudar as colectividades, e depois mais 250 mil euros para os espectáculos assistenciais no Mouchão, que ajudam os artistas mas vão destruindo o jardim.
Aqui no Brasil, um país menos desenvolvido e com um presidente de extrema direita, ainda por cima pouco inteligente, está a funcionar no Senado uma comissão de inquérito à compra de vacinas e há pelo menos uma centena de inquéritos judiciais em todo o país, relacionados com corrupção e peculato. Em Portugal é o que sabemos. O parlamento não se mete nessas coisas e o poder judicial já está assaz atravancado para se preocupar com mais casos.
Restaria a população e o célebre "direito à indignação", tão invocado por Mário Soares. Sucede contudo que no concelho de Tomar, pelo que conheço, em geral não há cidadania capaz de se indignar. Apenas um rebanho, que vai diminuindo de ano para ano, apesar de gordo e anafado. 
Bom proveito.

1 comentário:

  1. É facil governar com o dinheiro dos outros...em certos casos, é obsceno.
    É o caso da compra de votos. E pagamos todos...enquanto houver dinheiro.
    Entretanto, divertiram-se 240 almas.
    Seja.

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