segunda-feira, 19 de julho de 2021

 

Ruínas da fábrica de papel de Porto Cavaleiros, inaugurada em 1880 e abandonada desde 2000, por insolvência.

Turismo/desenvolvimento

UM ERRO BÁSICO QUE NOS PODE VIR A CUSTAR O FUTURO - 1

Foi uma das candidaturas que inadvertidamente me alertou. Escreveram-me dizendo algo como "fique descansado que também vamos apresentar propostas para o turismo". Como se o essencial fosse contentar-me, modo subtil de tentar calar-me. Acontece que em termos individuais nada tenho a ganhar com o turismo, em sentido estrito, cujo desenvolvimento adequado  é todavia indispensável para a sobrevivência de Tomar, enquanto comunidade humana organizada.
Tentando escrever economia política para não economistas, abro referindo serem evidentes três grandes ciclos económicos no vale nabantino. O primeiro, e de longe o mais longo, durou da fundação, com os forais de 1162 e 1168, até à extinção das ordens religiosas em 1834. Foi, para simplificar, o "reinado da Ordem dos Templários, depois de Cristo", assente na posse da terra e na sua exploração privada, mediante a concessão de foros, com incidência no azeite, nos cereais e nalguma pecuária, sobretudo ovina e caprina. Tudo isto em simultâneo, com os "moinhos da ordem", depois "d'el-rei", ali na Levada, forma eficaz de cobrança dos impostos "em géneros".
A segunda fase começou com a instalação de grandes fábricas, aproveitando a energia hídrica do Nabão, antes exclusivo da Ordem. Foi a época das fábricas de feltros, de fiação, de tecidos e de papel, complementada num segundo tempo, sobretudo a partir dos anos 30 do século passado, com uma importante guarnição militar, para prevenir e proteger contra eventuais sublevações operárias.
 As sucessivas falências de todas as grandes unidades fabris tradicionais, cujas causas continuam por determinar, coincidiram em parte, (para não dizer que facilitaram) com o lento mas inexorável desmantelamento da guarnição militar. 
Adeus Fiação, adeus Prado, adeus Porto Cavaleiros, adeus Matrena, adeus Marianaia. Mas também adeus Hospital Militar, adeus Quartel general, adeus Regimento de Infantaria. O que lá temos agora, nem um Batalhão chega a ser, em termos de efectivos, embora o nome se mantenha.
Agora, e cada vez mais, reserva de pensionistas e viveiro de funcionários (e pouco mais), que fazer para ultrapassar a estagnação económica e estancar a preocupante fuga da população? É o que tentarei abordar no próximo texto.

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