domingo, 4 de julho de 2021

 


Autárquicas 2021/Demografia


DOIS ESPECTROS
PAIRAM SOBRE TOMAR

Com os políticos a procurar tratar da vida deles, e os conformados eleitores tomarenses a insistirem na negação de tudo o que lhes desagrada, pairam sobre Tomar dois espectros, que se alimentam reciprocamente. Um é a abstenção, que pode vir a complicar singularmente as melhores contas dos especialistas tomarenses em análises eleitorais, que são muitos e muito competentes, como é sabido. Nas recentes eleições regionais francesas, eleitores de um país que já vive em democracia há bem mais de 50 anos, provocaram o antes inimaginável. Registou-se uma abstenção superior a 65%. O que significa que em cada 3 eleitores inscritos, dois não votaram.
Porquê? Desencanto, descrédito, desesperança, com derrota da esquerda, (os comunistas perderam a última região que ainda lideravam), insucesso dos macronistas, vitória da direita tradicional e estagnação da extrema-direita. Em Portugal e em Tomar, ninguém sabe ainda o que vai acontecer. Como bem dizia um conhecido humorista gaulês, a previsão é muito difícil; sobretudo quando se trata de prever o futuro. Mas os dados estão aí, para quem os queira ver. Desencanto, descrédito, desesperança, descrença, desinteresse, desânimo
O que nos leva ao outro espectro, a nossa morte lenta mas inexorável como comunidade, se entretanto não atinarmos com outro caminho. A recente publicação dos cadernos eleitorais actualizados, levou o Tomar a dianteira a algumas leituras mais atentas, comparando a situação tomarense em 2001 com a de 2021. Os dados obtidos não são nada agradáveis.
Paialvo perdeu 49,5 % dos eleitores
Olalhas perdeu 32,8%
Além da Ribeira/Pedreira perdeu 25,7%
Sabacheira perdeu 23,1%
Asseiceira perdeu 19%
-Então e as outras?, perguntarão os intelectuais de café. Todas perderam eleitores, embora em menor percentagem. Para não alongar a lista, o conjunto urbano Santa Maria/S. João, que representa sensivelmente metade do eleitorado de todo o concelho, perdeu nestes últimos vinte anos 10,8% dos eleitores inscritos.
Porquê tão tristes e preocupantes resultados? As respostas variam, mas parece terem todas uma relação com a actividade económica. A situação é particularmente clara em Além da Ribeira/Pedreira. O encerramento do Prado obrigou quase cem pessoas a ir procurar emprego alhures, e muitos foram-se, levando consigo a família.
Com todas a freguesias a perder população, a posição de Tomar é cada vez menos brilhante no panorama distrital de 21 concelhos. Em 2001 a nossa querida cidade era a 2ª do distrito em termos populacionais, e havia a ilusão de podermos competir com Santarém. Outros tempos! Agora a segunda cidade do distrito é Ourém, com mais 6.906 eleitores que Tomar. E Torres Novas está quase a apanhar-nos. Já só faltam 3.150 eleitores. Há 20 anos a mesma diferença era de 7.561 eleitores inscritos, mais do dobro. E Ourém tinha então menos 2.112 eleitores que Tomar. Ou seja, em 20 anos deu um pulo de 9.012 eleitores inscritos.
Em termos gerais, para que não restem dúvidas, eis os 6 concelhos do distrito de Santarém que perderam mais eleitores nos últimos 20 anos, por ordem decrescente:
Chamusca perdeu 22,9%
Coruche perdeu 21,7%
Abrantes perdeu 17,8%
F. Zêzere perdeu 15,7%
Sardoal perdeu 15,1%
Tomar perdeu 13,8%
A pergunta que se impõe é, outra vez, porquê? Pois façam favor de perguntar aos candidatos, que eles é que devem saber em que se vão meter, visto que se candidataram. Não foram obrigados. Uma coisa é certa: nenhum dos 5 concelhos mais desgraçados que o nosso tem o Convento de Cristo e os seus 300 mil visitantes anuais, nem coisa que se pareça.
A título comparativo, Santarém registou menos 4,8% e Ourém um acréscimo de 8,8% de eleitores.inscritos. Mas em Fátima nunca confundiram as procissões das velas com turismo estruturado ou pacotes turísticos.
Nem crítica certeira com crítica destrutiva. 
A Igreja tem mais de 20 séculos de experiência...

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