Vida quotidiana
Apetecia e apetece o exílio
Com a devida vénia à autora, Clara Ferreira Alves, e à revista E do Expresso, o escriba destas linhas pede licença para fazer suas, dele, neste caso minhas, as frases que seguem. Com uma ligeira variante, além da sua forma actual. Que quem leia experimente substituir "Portugal" por Tomar, "governo" por autarquia e "portugueses" por tomarenses. Fica logo um outro ramalhete. Se não se nasce impunemente em Portugal, nascer em Tomar pode ser uma pequena tragédia.
Se puder, leia a crónica integral, na edição desta semana da revista E, incluída no Expresso semanal.
"Estes dias pardos fazem recordar os dias cinzentos da agonia de Salazar e do caetanismo. A vida seguia igual e não parecia haver esperança de furar a monotonia da incompetência. Apetecia o exílio. Quase 50 anos depois da revolução de abril, nunca imaginei que tal sabor amargo viesse à boca, o de não ver futuro para Portugal, de não descobrir chefes respeitáveis que não façam da mentira a verdade da propaganda. A verdade é simples, este Governo é mau, e não se vislumbra que Governo bom poderá dar cabo deste Governo mau. Estamos enclausurados, e isto também é falta de liberdade, num círculo de palermas e de ambiciosos sem o equipamento intelectual necessário para navegar águas altas. Com raras exceções, o respeito pelos portugueses não abunda. Em compensação, o respeitinho, o respeitinho de que falava Alexandre O’Neill, está por todo o lado, porque a longa manus do Estado retalia e persegue, vinga-se e prejudica. Elimina e silencia."
Sem comentários:
Enviar um comentário