Informação/Autárquicas 2021

OS NOVOS CORONÉIS DA CENSURA

Diz o artigo 37º da nossa Constituição que "Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento, pela palavra e pela a imagem, ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informado, sem impedimentos nem discriminações.

O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura."

Tratando-se do nosso documento fundador, aprovado democraticamente por larga maioria, lógico seria que nada obstasse, em termos oficiais ou privados, ao que aí está disposto. Mas isso era não contar com o folclore autoritário tomarense, nestes anos do século XXI

A maioria PS, apoiada na melhor tradição local, deu o exemplo. Assim que foi possível, assumiu o controlo de facto de quase todos os órgãos de informação locais, mediante a atribuição de benesses. Depois, foi só hostilizar publicamente quem ousou e ousa criticar suas excelências, para que os responsáveis pelos órgãos beneficiados se lembrassem do velho dito popular "Não se morde na mão que nos dá de comer, nem se cospe no prato da sopa." E assim estamos no pacato vale do Nabão, pela primeira vez desde Abril de 1974. Há medo e voltou a estar na moda a frase "O Calado foi a Lisboa e veio, e não pagou nada." Regressaram os coronéis da censura, agora sem farda mas também com óculos ideológicos.

Ou será por mero acaso que, segundo um dos candidatos, há em Tomar muitos cidadãos que, quando convidados a integrar as listas, dizem que participam mas não entram, assim se colocando na usual posição dos testículos?

Guiados por estes exemplos condenáveis, alguns aprendizes de ditador vão tentando fazer aquilo que podem, com os seus limitados meios, para calar os cidadãos mais inconformados 

 Por exemplo os responsáveis pela Tomar TV, uma coisa de âmbito local e fraca audiência, subsidiada pela autarquia, resolveram discriminar as candidaturas, assim contrariando o disposto na lei fundamental do país, decerto para agradar a quem subsidia, imitando-lhe o comportamento indigno, inaceitável em democracia.

O TEMPLÁRIO, por sua vez, queixou-se que havia recebido reparos de leitores, dignos descendentes dos inquisidores, no sentido de suspender a colaboração semanal "Municipalidades", do candidato CS-MPT-PPM, Fernando Caldas Vieira. Porquê? Incomoda?

Se calhar procurando acompanhar o movimento, a Rádio Hertz resolveu suspender as "notas do dia" até às eleições, mas mantém por enquanto os monólogos semanais dos Dupont-Dupond. Não é justo.

Haverá outros casos criticáveis, que por agora se deixam na sombra, na esperança de que as coisas ainda possam melhorar até ao início da campanha eleitoral.

No meio desta tormenta nabantina, Tomar a dianteira 3 é um caso específico. Nunca auferiu benesses, e também  nunca recebeu queixas, ou foi alvo de tentativas de censura, e até as habituais moscas varejeiras, têm conseguido evitar comentários encomendados. Tudo isto prova que o método adoptado -quanto menos cautela melhor- é o mais adequado aos tempos que correm em Tomar. Ninguém reclama, decerto porque há bosta que chega para sujar todos por igual, a começar pelo autor destas linhas. Pois não é verdade que alguns eleitos costumam exclamar "O que aquele gajo escreve é só merda?"  Será. Mas com longa tradição. Quando os acusadores nasceram, já o autor escrevia na imprensa local há mais de dez anos.