sexta-feira, 5 de agosto de 2022





Ponte do Rialto - Veneza

Obras no Flecheiro

Acreditam mesmo naquilo? 

Ou trata-se apenas de ganhar a vida de forma mais folgada?

Sinal de que anteriores intervenções na informação local, sobre as obras previstas para O Flecheiro, fizeram alguma mossa,  a Câmara, via Rádio Hertz, volta a publicar sobre o tema, e ainda bem:

https://radiohertz.pt/tomar-flecheiro-valorizado-com-parque-urbano-preparado-para-as-cheias/

A democracia política vive essencialmente do diálogo, sendo por isso apreciados todos os contributos para um melhor entendimento dos assuntos em causa, uma vez que o consenso é coisa rara e a unanimidade muito pouco comum em democracia. Quando todos estão de acordo, como sucede com o PSD neste caso,  algo não bate certo.

Usando a técnica da injecção lenta, os autores do texto em questão foram bem cautelosos. Tratando-se de justificar uma obra já posta em causa, no valor de três milhões de euros, avançaram como o crocodilo da anedota. Voando, mas muito baixinho. Praticamente rastejando.

1ª Abordagem do tema: "Prevenir o risco de inundação da cidade de Tomar".

2ª Abordagem do tema: "Em conformidade  com o Plano de gestão do risco de inundação, promovido pelo Ministério do Ambiente".

3ª Abordagem do tema: " O que será conseguido com a modelação da margem direita do rio Nabão naquela zona, de forma a criar uma bacia que possa acomodar o caudal correspondente à cheia centenária, evitando assim que o rio transborde as margens e inunde a cidade, garantindo a salvaguarda de pessoas e bens."

De forma rápida e em termos simples, que toda a gente possa entender, evitar futuras enchentes do Nabão, trabalhando de acordo com um plano que só pode ser sério porque do Ministério do Ambiente. Esse plano visa vedar o rio do lado direito e naquela área, assim evitando que possa inundar a cidade.

Se os respeitáveis eleitos, os projectistas e os técnicos superiores acreditam mesmo naquilo que escreveram, Tomar está muito mal e os tomarenses o melhor que podem fazer é experimentar mudar de ares. Sair da cova, em busca de planaltos vastos e mais amenos. Porque dali dificilmente sairá algo de bom.

Para começar, sendo verdade indesmentível que a água não tem memória, é também certo que todos os rios em fase de inundação tendem a ocupar os leitos de cheia primitivos, salvo impedimentos eficazes. Uma barragem, ou um aterro, por exemplo.

No caso tomarense, já aqui foi demonstrado anteriormente que o primitivo leito de cheia do Nabão vai, na área urbana, da encosta da rua da Fábrica, na margems esquerda, à encosta da Srª da Piedade, na margem direita, daí continuando através das duas várzeas, a Pequena e a Grande. Está à vista de todos. Basta saber olhar para a realidade envolvente.

Assim sendo, quando e se houver uma cheia, semelhante às de 1852 ou 1909, o Nabão galga as margens actuais bem antes do Mouchão e do campo de jogos, daí avançando por cima do que houver, através das aberturas existentes (leito actual, Levada, Rua dos Moinhos e Rua direita) até chegar à grande planura da Borda da Estrada - Carvalhos de Figueiredo, que permitará a redução do nível, devido ao acentuado alargamento do leito disponível.

Ou seja, no caso agora em questão, uma grande inundação centenária cobrirá toda a zona entre o leito actual do rio e a avenida Fonseca Simões, não se vendo como poderá a prevista modelação suster a corrente proveniente das Ruas de S. Gião e Torres Pinheiro, bem como da Várzea grande. Porque as águas de uma inundação são um gigantesco tapete, que se vai desenrolando, consoante a sua largura, e não um qualquer veículo que pode ser desviado.

Na mesma linha de realismo, é dito que o plano do Flecheiro contempla duas novas pontes pedonais, em fase posterior. Suponho que sejam para os defuntos poderem ir a pé para o cemitério de Marmelais.  E para os que já lá estão poderem vir apanhar o comboio para paragens mais benignas. Com menos obras para evitar inundações. Que não valem nada, mas custam milhões.

Palpita-me também que as futuras pontes serão "arrialtadas", como a do Rialto de Veneza e aquela que liga o Mouchão ao ex-estádio (ver fotos supra). Em virtude das tais normas sobre cheias, ficou como está. Mais alta que a primitiva do Mouchão. Com degraus e rampa de ambos os lados., a roubar muito espaço. Para quê?

Quando houver uma inundação que cubra o Mouchão e os terrenos do lado oposto, para que servirá a ponte acima do nível da cheia? Para os patos poderem pousar, sem molhar as patas? Ou como ponto de queda de bombeiros paraquedistas e amarração de botes de salvamento?


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