Não consigo conformar-me
Disse-o em escrito anterior. Os meus queridos conterrâneos mostram cada vez mais, sinais de alheamento em relação ao que nos cerca. Não sou médico e por isso não arrisco relacionar tais sintomas com a "doença do alemão". Apesar disso, sei que as manifestações da terrível maleita começam assim. Oxalá não seja o caso.
Um desses sintomas inquietantes é a atitude face aos autarcas e às suas opções de governação. Não consigo conformar-me com o vergonhoso panorama que, como tomarenses, oferecemos a quem chega pela estrada de Carvalhos de Figueiredo, EN 110, a principal entrada na cidade. Após dezenas de habitações, onde moram centenas de pessoas, que não dispõem sequer de passeios para se deslocar a pé em segurança, segue-se uma avenida, a Nun'Álvares, com duas pistas cicláveis, uma de cada lado. Faz algum sentido? Tem alguma utilidade prática nesta altura? Qual foi então a prioridade?
Se não eram obras prioritárias, porque foram feitas antes dos indispensáveis passeios em Carvalhos de Figueiredo? Pior ainda, apesar das obras de remedeio em S. Lourenço, que não resolvem nada, e da alteração anunciada para o sector antes da capela, para quando estão previstas as obras de fundo, entre a rotunda do Padrão e a do Moínho novo? Para quando houver vergonha e finalmente sentido de equidade? Os habitantes da Borda da Estrada, de Carvalhos de Figueiredo ou de Vale Cabrito são tão tomarenses como os da Av. Nun'Álvares, têm os mesmos direitos, e até são da mesma freguesia urbana.
Apesar de tais disparates, os eleitores tomarenses julgaram adequado perdoar as asneiras e voltar a eleger a actual maioria. É verdade que não tinham grande escolha, mas isso não justifica o erro de modo algum. A lista PS obteve menos 800 votos em relação a 2017, demasiado pouco para castigar quem não tem gerido bem os assuntos que lhe foram confiados. Suficiente todavia para alertar o PSD, que vem facilitando as coisas desde 2013, não apresentando candidatos, nem programas, nem trabalho capaz de convencer os cidadãos.
Era difícil fazer pior, mas a verdade é que em 2021 os laranjas conseguiram ainda menos votos que em 2017. Num concelho em que o PS não prima pela eficácia, estando aquém dos 5 eleitos que detém em Abrantes...ou dos 6 do PSD em Ourém. Ignorar tal situação, bem como as críticas a respeito, servindo-se de argumentação reles e gasta, é bem capaz de ser um sintoma do tal alheamento mencionado no início. Tanto para rosas como para laranjas. E depois vão murmurando que "o gajo já não está bom da cabeça". Pois. Dá jeito, não dá?
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