sexta-feira, 12 de agosto de 2022

 


CÂMARA RESOLVEU MANDAR LAVAR 

SÓ ALGUNS ESPAÇOS PÚBLICOS DA CIDADE VELHA

Numa inciativa insólita, a maioria PS resolveu mandar lavar e desinfectar alguns espaços públicos, o que acontece pela primeira nos mandatos PS, numa altura de grande falta de água, tanto no país como na Europa. Tem havido críticas, algumas até por escrito, coisa bem rara nesta terra. E já apareceu também um arauto do rumo certo, afirmando que a anunciada lavagem é muito correcta, só pecando caso venha a ser feita com água da rede.

Além da oportunidade e da escassez de água, o problema central é na realidade bem mais grave. Procurando responder, de forma indirecta e atabalhoada, a recentes reclamações de maus cheiros e carências de saneamento, a autarquia tirou mais um coelho da cartola. À moda do Costa. Mandamos lavar algumas ruas e está feito. Faz de conta que eliminámos os maus cheiros e acabámos com os colectores de saneamento tipo idade média. Com a vantagem de ser feito por ajuste directo, o que não dá trabalho algum aos sacrificados funcionários municipais, cujos votos são preciosos, pelo que não devem ser destacados para actividades laborais nocturnas.

Realmente, podem os senhores autarcas fazer de conta, mas esqueceram o básico. Estamos em democracia, onde todos são iguais perante a lei, e estão submetidos às mesmas obrigações fiscais. Devem por isso beneficiar de iguais atenções por parte dos serviços do Estado e da autarquia. Nestas condições, como justificar que apenas alguns espaços públicos sejam lavados e desinfectados? Quais foram os critérios de escolha?

Assim à primeira vista, apenas ocorre um: praças, ruas e travessas na cidade antiga, onde haja estabelecimentos industriais ou comerciais. Realmente, esses cidadãos pagam mais impostos e taxas, devido às suas actividades, o que justificaria o privilégio da lavagem-desinfecção periódica. Infelizmente, o argumento cai logo por terra, ao saber-se que por exemplo a Rua dos Moinhos, a Rua de Pedro Dias, a Avenida Cândido Madureira, ou a Levada, tudo artérias onde há vários estabelecimentos, não vão ser contempladas.

Resta pois uma velha e bem conhecida justificação: Só vão vão ser lavados e desinfectados os locais públicos da cidade antiga onde moram ou exercem amigos e apoiantes da actual maioria autárquica. É uma antiga prática tomarense, e até portuguesa. Para os amigos tudo. Aos outros, aplica-se a lei geral.

Em tempos idos, antes do 25 de Abril, houve mesmo um presidente da câmara tomarense que resolveu mandar arranjar a estrada que conduzia à sua propriedade, onde habitava. Devemos portanto estar, mesmo assim, gratos a Anabela Freitas e seus acólitos, pois por enquanto não mandaram lavar  nem desinfectar as ruas onde habitam. Já não é mau de todo! Para o resto, para desinfestar,  é preciso tempo. Haja esperança!


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