sexta-feira, 19 de agosto de 2022


Limpeza da Janela do capítulo

O algodão não engana 

Mas a obra da Janela pode enganar

"O algodão não engana", dizia o bem conhecido anúncio da tv, mostrando um algodão em parte sujo, para indicar que havia falta de limpeza nos eletrodomésticos da cozinha. O caso da limpeza da Janela do capítulo é semelhante, porém inverso.

Todos sabemos que está suja, coberta por uma camada de musgo e líquenes, com mais de quatrocentos anos -a chamada patine- que ninguém consegue imitar. E que protege das chuvas ácidas, pois tapa os poros do calcáreo. O problema é a limpeza que vão fazer.

Conscientes de que já antes houve acidentes lamentáveis, (Portal dos Jerónimos, por exemplo), os responsáveis da DGPC e da empresa que vai executar a limpeza, garantem que tudo será feito à mão, por reputados especialistas naquela área, sem recurso a jacto de água com areia. O problema é que há fundadas dúvidas sobre o valor real de tal garantia. O facto de já terem começado a esconder a janela, com andaimes tubulares e cortinas em mantas de tecido acrílico, mostra claramente que têm, ou vão ter, algo a esconder. O que será?

Para evitar dúvidas e eventuais futuras querelas, oferecendo uma garantia real à DGPC, dona da obra, penso que há necessidade de implementar  previamente algumas medidas simples e baratas, mas realmente eficazes:

1 - Indicar à empresa que todos os andaimes devem ser rodeados de acrílicos transparentes, em vez de cortinas ou saias em tecido. Tudo à vista de todos.

2 - Exigir que os ditos acrílicos se mantenham limpos e desimpedidos, facultando visão total da obra. Até para não prejudicar os turistas, que pagam seis euros à entrada, sobretudo para verem a Janela...

3 - Fornecer a todos os trabalhadores capacetes de proteção com câmera de vídeo de filmagem contínua acopladas, ao lado da lâmpada frontal.

4 - Instalar, antes de começar a limpeza, videovigilância ligada ao youtube, que abranja toda a área a limpar.

Sem isto, ninguém vai convencer este pobre escriba de que não somos aldrabados mais uma vez, como contribuintes forçados, pagando por lebre, mas comendo gato. Isto porque, se é possível, no lisboeta Museu Nacional da Arte Antiga, (Janelas verdes), restaurar os painéis de Nuno Gonçalves à vista de todos, porquê tapar tudo no caso da Janela do capítulo? Porque é na província, onde aos olhos de muitos lisboetas de ocasião, "são todos parolos"? Não será apenas mais um episódio da já longa série "gato escondido com o rabo de fora"? Ou preferem antes "Os salteadores da janela suja?"


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