sábado, 8 de outubro de 2022

Imagem Tomar na rede, alterada, com os agradecimentos de TAD3

Obras no Convento

Um atentado contra o património

https://tomarnarede.pt/cultura/janela-do-capitulo-totalmente-tapada/

Tomar a dianteira 3 já se pronunciou anteriormente, por diversas vezes, contra a lavagem das fachadas do coro alto manuelino do Convento de Cristo. Sobretudo contra a lavagem/limpeza da Janela do capítulo. Não só porque lhe vai retirar uma patine de cinco séculos, -e portanto descaraterizá-la- mas também e sobretudo porque, ao retirar musgos e líquenes, que até agora protegiam os poros do calcáreo contra as chuvas ácidas, vai provocar inevitavelmente, a médio prazo, a degradação daquela obra-prima manuelina.

É uma pena, mas torna-se agora evidente que já não há nada a fazer, para evitar as previstas obras, que são afinal um atentado contra o património, cheio de boas intenções, como é habitual. Dito de outro modo, o dinheiro falou mais alto. Venceu a "ganhunça", como dizia Nini Ferreira. Há muito dinheiro envolvido e são numerosos os "lubrificados", por isso ardentes defensores la limpeza da janela. Mas que fazer, para além dos protestos anteriores em vão?

Tomar é uma terra assim. Até os conterrâneos mais cultos (não todos, felizmente) se queixam de que o autor diz mal dos tomarenses, confundindo "descrever" com "dizer mal". Porque a triste verdade é esta: Não é necessário dizer mal da maioria dos tomarenses. Basta descrever como eles são, que isso já lhes desagrada. Ninguém gosta de ficar mal na fotografia, porque ela não mente.

Neste caso da lavagem da Janela do capítulo, apesar dos sucessivos protestos aqui publicados, alguém em Tomar reagiu até agora? Da população em geral já se esperava. Se nem sequer se manifestam contra o aumento exorbitante do custo da água, como poderiam protestar contra a limpeza da janela, que muitos nem sequer conhecem?

Câmara e Assembleia municipal, também mantiveram um prudente silêncio. Não só porque é sempre arriscado apoiar quem protesta, como também e sobretudo, nem conseguem ultrapassar os seus problemas de funcionamento e relacionamento institucional, quanto mais agora interessar-se por um problema da tutela "de cima".

Finalmente a informação local, digamos assim, pedindo desculpa à informação por a maltratar. Ninguém abordou o tema "obras no Convento", a não ser para reproduzir as notícias enviadas pelas respetivas administrações. Nem uma palavra sobre os escritos malditos de Tomar a dianteira 3 , não fosse dar-se o caso de,,, 

Praticaram e praticam aquilo a que a vidinha os obriga. O chamado "veto de bolso". Não publicam nada condenado por quem lhes paga. Necessidade a quanto obrigas, nalguns casos. Pura ignorância e cobardia cívica noutros.

Em conclusão, continuando a pregar em Tomar, que o mesmo é dizer quase no deserto, as obras no Convento são agora imparáveis. Até arranjaram uma explicação muito imaginativa para a lavagem da janela. Vão pô-la na escuridão total, para assim matarem os fungos (musgos e líquenes) que a cobrem, que depois é só limpar com uma escova, dizem eles. Pois...

Como acreditar em especialistas que até se enganam no vocabulário? Escrevem que são "obras de conservação e restauro", quando não são tal. Qualquer dicionário de português indica que "conservação" significa conservar, manter o que está. E eles vão fazer o exato oposto. Alterar o aspeto da janela e das fachadas.

Outro tanto sucede com "restauro", que significa repôr o que estava. Sucede que, para restaurar o aspeto primitivo da janela, seria necessário manter a patine e voltar a colocar as duas imagens que faltam, nos dois nichos laterais. E isso nem sequer consta do caderno de encargos. Estamos portanto conversados.

Dentro de dez anos, o mais tardar, se ainda por cá andar e puder escrever, não deixarei de assinalar os primeiros estragos na janela, provocados pela insensata limpeza e pelas chuvas ácidas, que são inevitáveis. Poderei então relembrar este e outros textos, acusando não só os da "ganhunça" (que sabem trabalhar, reconheça-se), mas também os "lubrificados" e sobretudo os palermas úteis. Se entretanto já tiver ido, resta-me a esperança de que alguém me substitua nesta tarefa tão ingrata. Já disse e repito que escrevo sobretudo para memória futura.

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