segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Feira de Santa Iria  

A endrominar fingindo informar

Reparando no comportamento dos nossos queridos eleitos da maioria autárquica, (os outros não vêm agora ao caso), dois traços comportamentais se destacam -teimosia e auto-satisfação. Mantêm as suas posições haja o que houver, contra tudo e contra todos, se preciso for. Mesmo cometendo erros, a sua auto-satisfação não lhes permite emendar, e muito menos pedir desculpa. Julgam que os eleitores apreciam eleitos tesos, inflexíveis.

O caso mais flagrante é o da srª vereadora Filipa Fernandes, dita vereadora das festarolas. Fortemente contestada por gastar sem conta, nem peso, nem medida, em vez de se moderar, insiste em arranjar argumentação para demonstrar que está cheia de razão. Os que a criticam é que não sabem o que dizem, pensa ela.

Chegou agora a vez do balanço da Feira de Santa Iria:

https://radiohertz.pt/tomar-balanco-a-feira-de-santa-iria-filipa-fernandes-garante-que-os-vendedores-lhe-disseram-que-fizeram-a-maior-receita-do-ano/

Sem querer ofender, ou sequer desdenhar, estou-me nas tintas para a alegada opinião dos feirantes, que na sua esmagadora maioria, conquanto mereçam todo o respeito, como qualquer outro cidadão, não pagam impostos nem votam em Tomar. De forma que, servir-se das suas hipotéticas declarações favoráveis sobre a feira é, neste caso, uma simples habilidade da senhora vereadora para tentar intrujar os tomarenses, uma vez mais.

Ignoro se a srª autarca tem ou não formação académica séria, e tendo-a, se entende algo de economia, mais precisamente de economia política. Ouso por isso avançar com algumas noções elementares, a ver se,  futuramente, nos entendemos e a srª vereadora adopta outro figurino, mais consentâneo com as normas democráticas.

A base de toda a economia é extremamente simples. Trata-se de uma troca em que ambos, vendedor e comprador, obtêm satisfação. Um porque consegue adquirir o que procurava, o outro porque consegue vender, ganhando uma parte. Ainda mais sucintamente, tudo se resume, em termos de "caixa", a receita/despesa, deve/haver, input/output.

No caso da Feira de Santa Iria, não adianta vir com balelas. Basta indicar o input , o output e a diferença entre os dois. Prestar contas. Em linguagem mais clara: Quanto é que a Câmara gastou com a feira, para além dos 200 mil euros com música? (output, investimento ou despesas) Quanto é que recebeu de terrados e outras taxas de ocupação do solo? (input ou receitas). Só assim se consegue perceber, de uma vez por todas, se o Município ganhou ou perdeu dinheiro. O resto não passa de música para embalar, no caso para tentar endrominar os contribuintes.

Os munícipes governam-se e prosperam, tal como a autarquia, com o dinheiro que cá fica (lucros, dividendos, impostos, taxas, salários, pensões...) e não com o valor acrescentado conseguido pelos feirantes, que o levam para onde lhes convém, e estão no seu direito. De tal forma que, se a srª vereadora compra um concerto de algum artista famoso por 30 mil euros, e consegue 40 mil euros de entradas, fez um investimento que rendeu 10 mil euros de valor acrescentado, que cá fica. 

Ou seja: recuperou a despesa inicial, acrescida de 10 mil euros (input). Se, pelo contrário, não cobrou entradas, ou apenas conseguiu vender 10 mil euros de bilhetes, teve respetivamente uma menos valia, ou despesa de 30 mil, ou 20 mil euros, que se foram (output). Poderá dizer-se então que foi um investimento que correu mal, sem aldrabar os eleitores. 

Estamos entendidos? Apresentar despesas como investimentos, e depois não arrecadar mais valia, é como na agricultura antigamente: "a arte de empobrecer alegremente". E Tomar precisa é de valor acrescentado (input). Não de gastadores e de pedintes (output). 

Não parece uma visão muito agradável das coisas? É bem capaz. Mas é assim que funciona, quer queiramos, quer não. Essa léria de "promover Tomar", não passa afinal, e nunca passou, de uma falácia conveniente. Como mostram os resultados nada encorajadores já conseguidos. Porque razão há cada vez mais despesa com promoção da cidade, e cada vez mais residentes a fazer as malas? Para que tem servido então a alegada promoção de Tomar? Para atrofiar ainda mais a cidade e o concelho, enquanto vai enchendo os bolsos de alguns amigos?

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