terça-feira, 18 de outubro de 2022

Gestão municipal

POPULISMO DE ESQUERDA

A propósito de uma fuga de água no acampamento do Flecheiro, noticiada por Tomar na rede, que os outros meios informativos raramente vêem alguma coisa noticiável, caso não venha da patroa, um cidadão que desconheço comentou assim:

 Carlos Martins

"Nem mais! Relembro que a nossa presidenta deve uma eleição ao pessoalzito do Flecheiro. Essa água que corre a esmo não deixará de ser paga. E por quem? Por nós, os que pagamos impostos e que temos de comer e calar.
No dia das eleições nunca me esqueço destas cenas e até de outras. Por isso é que tiro bilhete e vou passar o dia bem longe…"

Factos convergentes, parecem indicar que serão numerosos os cidadãos com comportamento semelhante. Tenhamos em conta que há sistematicamente mais de 40% de abstenção em cada eleição. Sem qualquer intuito de criticar o cidadão em causa, que será uma pessoa sensata e cautelosa, que apenas se recusa a "ser o pai da criança", deve dizer-se que talvez não seja a melhor opção. Mesmo em termos numéricos.

Ao votar, cada eleitor vale por dois. O seu voto conta a mais para o candidato escolhido, e a menos para os outros. Pelo contrário, ao abster-se, é apenas mais um. Não conta para nada, exceto para o total das abstenções. Acresce que, no vale nabantino, o problema da abstenção é particularmente grave, pois quem vence o pleito acaba por representar de facto poucos eleitores. Menos de 25% nesta altura em Tomar. Que em percentagem, é dos concelhos com menos votos favoráveis  a quem governa:

Abrantes...................PS..........9.620..........31.591

Ourém......................PSD......13.809.........40.870

TOMAR....................PS............7.157.........33.892

T. Novas..................PS............7.865.........30.715

Como se pode ver, o PS nabantino está desgraçado. Apesar de gerir o 2º concelho com mais eleitores da região, é de longe o último em sufrágios obtidos. Mesmo Abrantes e Torres Novas, com menos respetivamente 2 mil e 3 mil eleitores inscritos, ostentam melhores resultados eleitorais.

Na política, como em todos as atividades humanas, pouco ou nada acontece por acaso. Em 2015, Luís Ferreira e Rui Serrano, os dois elementos socialistas com melhor arcaboiço político, e com ideias, foram atirados pela borda fora, até hoje sem qualquer explicação. E já passaram 7 anos.

Donde resulta, salvo melhor explicação, quando vier a aparecer, que os dois expulsos foram afastados por ordem expressa da cúpula nacional do PS, porque estorvavam a nova orientação política, definida entretanto pelo partido para o caso específico de Tomar, onde a primeira vitória foi tangencial: Populismo de esquerda. "Esquecer-se" da maioria para ir beneficiando várias minorias que "votam bem". Em Tomar é particularmente evidente com os ciganos, os funcionários municipais e a área da das festarolas.

Sem a ajuda involuntária do PSD, é bem provável que no vale nabantino os socialistas já seriam passado. Se calhar também seguindo orientações de Lisboa, os social-democratas "engoliram" tudo o que lhes colocaram na mesa, assim facultando ao PS mais duas vitórias sesgadas.

Agora que, aparentemente, o PSD está a mudar de orientação, passando a ser menos favorável aos socialistas, em conjugação com a necessidade imperiosa de mudar de cabeça de lista para 2025, quer queiram, quer não, o PS está cada vez mais em polvorosa. Sentem-se assediados, injuriam quem os critica, dizem cobras e lagartos de cada vez que aqui se publicam dados oficiais das eleições, sugerem que quem os critica é maluco, e por aí adiante. Paralelamente, pela calada tanto quanto possível, vão injetando cada vez mais dinheiro para agradar às tais minorias que os apoiam. O tal populismo de esquerda. Prejudicar a maioria, para beneficiar pequenas minorias de votantes fiéis. Discriminação positiva, na presente linguagem oficial.

Chegará para ganhar de novo em 2025? Não se vê como. O clima local está cada vez pior. Mas, lá dizia o outro, a previsão é uma arte muito difícil. Sobretudo quando se trata de prever o futuro, como é o caso. Se quem escreve estas linhas fosse mesmo bom nisso, entretinha-se a ganhar no Euromilhões, ou mesmo no brasileiro "jogo do bicho". Dava muito menos trabalho e arranjava menos inimigos de estimação.

Em conclusão, senhor Carlos Martins, com o devido respeito, nas próximas autárquicas faça favor de ir votar. Não consinta que outros continuem a escolher por si.

2 comentários:

  1. Como o Sr. Martins há muitos em Tomar, mas fazer o quê se não se vislumbra nada de positivo que venha da oposição? Lembra-me isto, foge cão que te fazem barão, para onde? se me fazem conde, e apeser de começar a parecer que estam a acordar, não vejo gente com traquejo e mundo no dito PSD para dar a volta ao texto.

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    1. A experiência demonstra que para ganhar eleições autárquicas em Tomar nem sempre é preciso traquejo e mundo. Para governar bem, de certeza. Para se candidatar basta ter esperteza. Convém também deixar escrito que a alternativa ao PS pode não ser o PSD. Tem sido assim e vice-versa, mas não há mal que sempre dure, nem bem que não se acabe. Apareceram entretanto outros partidos, que se quiserem e souberem...

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