Ciganos do Flecheiro
É sempre melhor encarar os problemas
e responder em conformidade
A notícia é da Rádio Hertz: https://radiohertz.pt/tomar-psd-denuncia-episodios-de-inseguranca-nos-bairros-sociais-da-cidade-e-diz-que-ha-pessoas-a-devolver-as-casas-a-camara/
Refere-se a um problema já anteriormente abordado em Tomar a dianteira 3: -A evidente recusa de integração social dos ciganos que vieram do acampamento do Flecheiro. Um dia destes, respondendo sobre uma altercação causada pela oposição de algumas famílias do bairro 1º de Maio à instalação de mais ciganos, Hugo Cristóvão limitou-se a reconhecer implicitamente os factos, aproveitando para afirmar, numa de autoritarismo deslocado, que prevalecem sempre as decisões dos técnicos municipais.
Desta vez, como é sua obrigação enquanto eleito da oposição, o vereador Francisco, do PSD, denunciou a situação algo agitada que se vive com frequência no bairro 1º de Maio e outros, onde há barulho excessivo, animais à solta, distúrbios, roubos e faltas de respeito frequentes, referindo que algumas famílias, ali residentes há muitos anos, já estão a entregar as chaves à Câmara, porque têm medo.
Sem contestar diretamente as afirmações do vereador social-democrata, Hugo Cristóvão lamentou que se pretenda passar a ideia de que todos os problemas naquele bairro são obra dos ciganos. Acrescentou que pessoas que antes não tinham porta nem casa de banho, precisam naturalmente de um período de transição. Coitadinhos!
Uma vez que ninguém, que se saiba, pretende fazer passar a ideia de responsabilizar sempre os ciganos, ou de criticar só pelo prazer de criticar, parece que seria mais proveitoso para todos uma abordagem diferente do sr. vice-presidente. Em ambas as situações antes referidas, a contestação dos moradores mais antigos e a intervenção do vereador laranja, não seria bem mais simples reconhecer os factos, pedindo aos cidadãos e à oposição que apresentem, para debate e eventual adopção, outras hipóteses de solução por escrito?
Tendo avançado sem adequada preparação prévia e séria, os socialistas locais estão agora a constatar que não foram pelo melhor caminho no realojamento dos ciganos. Em vez de assumirem o falhanço, que pode acontecer aos melhores, e pedir ajuda a quem saiba realmente da matéria, baseado em experiências anteriores falhadas, tanto em Portugal, como em Espanha e França, preferem negar a realidade, na esperança de que o tempo acabará por solucionar os vários problemas. Estão equivocados. Como bem sabem os especialistas da área, se nada de positivo for feito entretanto, os problemas vão-se agravando com o tempo.
Em 1976, quando os ascendentes dos ciganos atuais acamparam, ilegalmente e pela primeira vez, na quinta de Santo André, um terreno privado frente à praça de toiros, eram menos de 20, e a população do concelho sensivelmente a mesma de 2022. Durante o mandato do socialista Luís Bonet, em vez de aplicar a legislação da época, segundo a qual os ciganos eram nómadas e por isso só podiam permanecer acampados no mesmo concelho durante um máximo de 15 dias, a Câmara foi deixando que ficassem, na tal esperança. já então, de que o tempo resolveria a questão.
Entretanto comprada por um preço muito atrativo, porque estava ocupada pelos ciganos, a quinta de Santo André foi depois objeto de um projeto de loteamento, tendo o novo proprietário solicitado à Câmara que desocupasse o terreno. Foi então que os acima referidos ciganos, menos de 20, vieram para o Flecheiro, ocupando parte do antigo esterqueiro municipal e da ex-Horta da Marchanta. Soube-se mais tarde que era o clã "Ròflin" (do nome de um conhecido ator americano, bastante popular naquela época -Errol Flynn- muito parecido com o patriarca do clã).
Passados mais de 45 anos, verifica-se que o tempo só agravou a situação inicial. A população do concelho é agora mais ou menos a mesma de 1976, por enquanto, mas os ciganos do Flecheiro passaram de menos de 20 para mais de 250. A um tal ritmo, para onde vamos afinal? A Câmara tem algum plano?
A atual maioria PS teve a coragem e o mérito de começar a resolver o problema dos ciganos, após tantos anos de imobilismo, e isso deve ser reconhecido por todos. Mas seria de toda a conveniência que os vários intervenientes tivessem a humildade de aceitar também que foram cometidos muitos erros, que agora convém emendar quanto antes, e na medida do possível. Porque, se antes o âmago da questão era no Flecheiro, agora houve disseminação e os efetivos das forças de segurança não são suficientes para atender tantos casos, em locais tão afastados uns dos outros. Donde o descontentamento dos moradores tradicionais e os abusos dos novos. Estão a perceber? Ou preferem continuar a dizer, contra toda a evidência, que é críticar só porque sim?
O patriarca Pascoal, já falecido, disse a quem escreve estas linhas que a melhor solução para o realojamento dos clãs, era instalar cada um numa das entradas da cidade. É mais ou menos aquilo que a autarquia fez até agora. Não seria melhor procurar saber qual era a verdadeira intenção do Pascoal, ao dizer o que disse por diversas vezes? Não era um intelectual, mas tinha muita experiência, o que lhe permitia agir na área das ciganices sofisticadas, coisa rara em Tomar e mesmo no país.
Desculpe caro António Rebelo , mas após a saída da quinta Stº.André a comunidade cigana ainda esteve algum tempo não sei precisar quanto ,nos terrenos agora ocupados pelas instalações do MAP ministério da agricultura e pescas .
ResponderEliminarQuanto á diversificação dos locais de alojamento falhou tanto que até parece a técnica da ventoinha !
Não é preciso pedir desculpa para comentar em Tomar a dianteira 3. Basta ter sempre em conta que os factos são sagrados, mas a opinião é livre, e assinar com o nome da pia baptismal.
EliminarAgradeço o seu comentário. Ignorava esse detalhe.