quinta-feira, 13 de outubro de 2022


Política caseira

Da leitura da informação local

Esta semana, os jornais que li deixaram-me dois temas para comentar. O primeiro é a atitude de determinado dirigente político e eleito local, que insiste nas suas birras. Agora resolveu sonegar informação sobre as eleições internas no seu partido, com a extraordinária participação de 70 eleitores, num concelho de 33 mil. Paralelamente, escreve um texto no qual acusa o PSD de não se comportar como devia. Compreende-se. Estava habituado a uma oposição de "ajudantes de campo" no executivo, e agora que os social-democratas parece que resolveram mudar de agulha, a transitória maioria sente-se incomodada. Se calhar baseados no dito popular "quem não se sente, não é filho de boa gente", que na política não se usa, uma vez que "quem tem calos sensíveis, não se deve meter em apertos", e a política local é um aperto constante.

Porque o essencial parece-me residir aí. A atual maioria não se enxerga. Não se dá conta que é transitória, agindo quase sempre como se fossem donos da quinta nabantina. Ganharam as eleições, justificam-se. Mas só por quatro anos, e sujeitos a fiscalização por parte da oposição, que tem igual legitimidade, porque separada por apenas 700 votos, e com a obrigação de escrutinar. Vejam lá isso.

O outro tema são as obras do futuro hotel Vila Galé. Como quase sempre acontece em obras urbanas, durante as escavações apareceram vestígios de anteriores edificações, o que levou os jornalistas a indagar junto da autarquia e do empreiteiro se são achados arqueológicos. Queriam eles perguntar se são vestígios com interesse arqueológico, ou nem por isso. À cautela, a Câmara foi logo sacudindo a água do capote. Esclareceram tratar-se de obra particular já licenciada, em que a autarquia apenas pode fiscalizar. Acrescentaram que a DGPC também acompanha os trabalhos, havendo arqueólogos no local, contratados pelo empreiteiro. Se os vestígios encontrados têm interesse ou não, os responsáveis aí estão que o dirão. Só falta apurar quem são mesmo os responsáveis.

O que tudo isto mostra é a confusão provocada pelo alegado forum romano, uma vez que os não especialistas têm muita dificuldade em entender qual o interesse de tudo aquilo, que possa justificar o dinheiro gasto. E mesmo os especialistas não avençados divergem seriamente. A seu tempo veremos se é para continuar ou para demolir e tapar, por ficar muito mais barato, para resultados semelhantes. Entretanto, em terra onde todos julgam saber de tudo, e  muitos se consideram intelectuais cotados, estamos nisto.

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