quinta-feira, 27 de outubro de 2022


Maioria PS
Dizer a verdade mentindo

Quando, em crónicas anteriores, aqui se escreveu, por diversas vezes, que a maioria PS nabantina se considera e comporta infelizmente como dona da cidade e do concelho, os visados não ficaram nada satisfeitos. O que se compreende. Não foram habituados ao debate sereno, nem à crítica objectiva e moderada. Por isso os acusam também de intolerância. Problema deles.

Uma vez que, como é costume dizer-se, só a verdade magoa, se o grupo dos 4 ficou ofendido é porque realmente se considera mesmo, e funciona, como se fossem donos e senhores de Tomar e do concelho. Não é ilegal. Apenas uma maneira de estar, de sentir e de fazer política. Uma atitude que tem dado os resultados agora à vista de todos. Aquela Várzea grande, impermeabilizada por eleitos que se consideram grandes defensores do ambiente, é uma amostra dos erros e omissões que por aí vão.

Para os senhores autarcas visados, e para os seus apoiantes mais ferrenhos, que insistem em não aceitar críticas, que os acusam de se comportarem como donos e senhores do concelho, aqui vai um exemplo flagrante de que é mesmo a realidade.

Numa entrevista à Rádio Hertz, emitida no passado dia 25, a srª presidente disse  isto: "É um gosto receber-vos no meu gabinete. As entrevistas têm sido na vossa casa. É a vez de vos receber na minha casa." Querem mais claro? Anabela Freitas foi franca. Disse como sente e como pensa. Disse a que é para ela a verdade factual, mas mentido. Porque alí, onde falava, há cinco séculos que são de facto os Paços do concelho. Não o gabinete nem a casa deste ou daquele autarca.

Se outra fosse a sua visão do mundo, do concelho e da cidade, decerto outra seria também a sua posição. Na verdade, aquele imponente casarão são os Paços do concelho, ou a Casa da Câmara. A nossa casa comum, de todos. Por conseguinte, a srª devia dizer no "meu local de trabalho", na "nossa casa", na "casa do concelho" na "casa de todos nós", ou na "casa comum". Nunca "na minha casa". Porque ofende a verdade e não é mesmo nada socialista.

Pensarão decerto os autarcas, e muitos dos seus apaniguados, que são coisas sem importância, porque "vai tudo dar ao mesmo".  Não é de todo o caso, como mostra a preocupante situação do concelho. Mas, se calhar, nalgumas cabeças, vai mesmo. É por isso que tendem a confundir merda com banha de cheiro. Também vai tudo dar ao mesmo, pois o aspecto é semelhante. Só o cheiro é que muda, e de que maneira!

Na mesma entrevista, a srª presidente declara que, mesmo podendo, não se recandidataria. Maneira elegante de mandar recado aos mais próximos. Mas que não corresponde à verdade, porque não se coaduna com as suas outras posições. Anabela Freitas mencionou livremente "o meu gabinete" e "a minha casa". Sucede que os mais advertidos conhecem bem o velho axioma "O Homem (no sentido amplo masculino + feminino, por isso a letra grande), é um animal de hábitos." Assim sendo, podendo ficar mais um tempo, quem aceitaria mudar de gabinete e sobretudo mudar de casa?

Anabela Freitas terá sido sincera. Mas nesse caso não bate a bota com a perdigota. Não parece haver coerência entre a atitude e o vocabulário usado. A velha situação "com a verdade me enganas."

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