domingo, 2 de outubro de 2022


Eleições no Brasil

Outra cidade, outro país, outra realidade

Hoje é dia de voto no Brasil, mas ontem não foi dia de reflexão. À noite ainda havia campanha eleitoral na Av. Beira-Mar, com muitas bandeiras, muita música, e os próprios candidatos distribuindo propaganda. Esta manhã  O POVO, o único jornal em suporte papel que ainda resta em Fortaleza, titula a toda a largura da 1ª página: "Um dia para reafirmar a DEMOCRACIA."

Na quinta coluna, do lado direito, os resultados das sondagens mais recentes: "Governo do Estado do Ceará-Pesquisa IPESPE: Elmano Freitas [tendência Lula] 39%, Capitão Wagner [tendência Bolsonaro] 37%, Roberto Cláudio [centrista] 23%. "Presidência da Federação-Pesquisa DATAFOLHA: LULA 50%, BOLSONARO 36%."

Na página 10 do primeiro caderno: "No Estado do Ceará, Lula tem 58% dos votos válidos, contra 22% de Bolsonaro e 15% de Ciro" [Ciro Gomes, cearense, antigo governador do Ceará].

Na página 3, exclusivamente com citações:

"É uma sala como vocês puderam ver: é uma sala aberta, é uma sala clara, não é? Não é nem sala secreta, nem sala escura." Alexandre de Morais, Presidente do Supremo Tribunal Eleitoral e Juiz do Suprema Tribunal Federal, durante a visita à sala de totalização dos votos eletrónicos -que Bolsonaro chama de "sala secreta" em tom de denúncia- acompanhado por observadores internacionais, dirigentes partidários, ministros e outras autoridades."

Noutro caderno, na página 22, Alexandre de Morais insiste na defesa da segurança e eficácia das urnas eletrónicas brasileiras: "Somos uma das quatro maiores democracias do mundo, e a única que apura e divulga os resultados eleitorais no mesmo dia, com agilidade, segurança, competência e transparência."

Tudo isto em dia eleitoral, no Brasil, um país dito do 3º mundo, que fala português, mas está a sete mil quilómetros da ponta da Europa. Dá que pensar, mas se calhar só a quem já está habituado a refletir.

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