terça-feira, 24 de agosto de 2021

 


Política local/Autarquia/Informação


Julgam-se donos daquilo que é de todos

A anunciada venda das ruínas do ex-convento de Santa Iria apanhou os tomarenses desprevenidos, ou quase, a começar pelos jornalistas. Realmente, não lembra ao careca noticiar num jornal de fora factos que antes deviam ter sido levados ao conhecimento dos eleitores locais. Que são logicamente os principais interessados.
Claro que agora virá uma daquelas desculpas de mau pagador. Tipo "Os jornalistas tomarenses sabem muito bem o que se passa, mas como habitualmente ficaram à espera da notícia já pronta, elaborada e enviada pela Câmara."
Será verdade, o que só demonstra duas coisas. Por um lado, que se tratou de algo deliberado. Publicar primeiro fora da terra, para ver as reacções. Por outro lado, que a informação local está fortemente condicionada, nunca se arriscando os jornalistas a urinar fora do penico, sob pena de "levar tau-tau" do patrão, que precisa das verbas camarárias para continuar a ser relativamente viável.
Tudo isto se evitava se os eleitos tivessem tido a seu tempo uma formação escolar de qualidade, que os preparasse para as ratoeiras da vida. Infelizmente, para eles e para nós, não foi o caso, e agora é demasiado tarde. Tudo o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita.
O situação é no entanto bem clara. O Município de Tomar é uma empresa ou sociedade de direito público, dotada de personalidade jurídica, administrada por um conselho (o executivo camarário) e fiscalizada por uma assembleia geral (a assembleia Municipal), ambos eleitos pelo conjunto dos sócios da empresa, que são todos os eleitores do concelho.
Carece portanto de qualquer base legal o papel de donos ou patrões, assumido sobretudo pelos eleitos do executivo. São na verdade  apenas empregados, escolhidos pelos eleitores-sócios, para administrarem durante determinado período de tempo os assuntos que dizem respeito a toda a comunidade. Porquê então essa mania do segredo? Logicamente para esconder erros de toda a ordem. Só pode.
Por exemplo no caso do ex-convento de Santa Iria, faz algum sentido que nesta altura os tomarenses, sócios forçados porque sem alternativa da empresa municipal, não disponham ainda de informação verídica e completa? A quem pode beneficiar o segredo?
Qual o montante do acordo? Que tipo de acordo? A escritura já foi assinada? Onde pode ser consultada, uma vez que, como qualquer outra, é obrigatoriamente pública? 
Posso continuar enganado, porque mal informado. Não será por falta de perguntas atempadas.

Sem comentários:

Enviar um comentário