segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Antes e depois das obras


 Informação local/Autárquicas 2021


PROCURANDO ESCLARECER 
QUEM QUEIRA SER ESCLARECIDO

Um escrito, aqui chegado após mais de oito mil quilómetros de viagem, porque veio da Europa, mas não de Portugal, alertava para a pouca clareza da frase "Tendência para confundir toalhas de linho com panos de cozinha", que integra a crónica anterior. Agradecendo o reparo, passa-se a tentar esclarecer quem queira ser esclarecido.
Como decerto todos perceberam, tanto as toalhas como os panos de cozinha têm a mesma utilidade. Servem para limpar. As toalhas para limpar o corpo ou parte dele, bem como para proteger/adornar mesas e altares. Os panos de cozinha para limpar a loiça, a bancada ou as mãos. Tanto as toalhas como os panos de cozinha são regra geral de tecido, apenas se distinguindo pela qualidade do mesmo. Algodão "turco" ou linho para as toalhas, algodão simples para os panos de cozinha. Há também toalhas e panos de cozinha em tecido sintético, porém de qualidade inferior, porque menos absorventes e menos macios. A alusão às toalhas de linho pretende realçar a raridade e qualidade de algo que existe cada vez menos, de tal forma que agora já só se usam nas grandes casas nobres, ou nos altares das igrejas.
No caso em epígrafe, não se trata contudo de frase em sentido literal, mas sim figurado. As tais toalhas de linho e os ditos panos de cozinha representam dois tipos de crítica, dois estilos de escrita, dois modos de estar, duas maneiras de participar na vida local.
Indo ao que parece essencial, e pedindo desculpa pela evidente falta de modéstia, a grande divisão local, aos olhos de quem escreve estas linhas, situa-se entre os escritos de Tomar a dianteira 3 por um lado, e todos os outros por outro lado. Linho ou algodão turco versus algodão corrente.
Não se trata de dividir consoante a qualidade em sentido lato. Apenas de procurar evitar confusões. Com efeito, os textos de Tomar a dianteira 3 são escritos de forma totalmente livre, sem qualquer condicionamento exterior e tendo como único objectivo aquilo que se julgam ser os interesses dos tomarenses, da sua cidade e do seu concelho.
Poderão ter pouca ou até nenhuma qualidade. São contudo sinceros, objectivos e não remunerados. O autor nada ganha ou pretende ganhar aos escrevê-los, para além da imagem que um dia de si possa ficar. A tal memória futura.
Será por conseguinte de uma flagrante falta de justiça comparar tais crónicas, por muito desagradáveis que possam ser para alguns ou muitos, com os escritos dos outros suportes informativos locais. Isto porque, como bem sabemos, ao contrário deste blogue, que não precisa de tentar formar ou informar para coisa nenhuma, pois quem escreve já não está em idade de enveredar pela carreira política, os outros media vivem todos às sopas. Dos leitores, mas sobretudo dos poderes instalados, que lhes pagam. Directamente ou por baixo da mesa. E quem paga quer obediência, subserviência.
Donde resulta uma situação duplamente constrangedora. Jornalistas ou simples amadores sem carteira, além de não se sentirem em condições de escrever sempre aquilo que pensam, porque precisam do ordenado ou da avença, são além disso forçados pelas circunstâncias a publicar a versão das coisas indicada pelos detentores do poder.
Nos tempos que correm tudo isto parece ser normal, de tal modo que os políticos no poleiro não hesitam em passar à fase seguinte, tentar que os eleitores, a tal opinião pública que ainda lê, confunda informação livre e crítica isenta com jornalismo às ordens.
Apesar deste já ir longo, acrescenta-se um exemplo elucidativo: As desastradas obras da Várzea grande. Um sucesso, segundo o jornalismo às ordens, amparado essencialmente em duas fontes: a presidente da Câmara e declarações de um ex-encarregado da autarquia, agora aposentado. Ambos consideram que ficou muito bonito e está muito melhor do que antes, quando havia buracos por todo o lado.
Sucede que se trata de uma visão demasiado redutora. O problema dos buracos e do piso, resolvia-se com a implantação de um parque de estacionamento subterrâneo, seguido da proibição de estacionar à superfície e do arranjo do piso, que podia continuar a ser de saibro, como no Mouchão, por exemplo, pois são os veículos que provocam os buracos.
Salvavam-se assim o tradicional campo da feira, os lugares de estacionamento, os sanitários e algumas árvores de grande porte. Agora, rezem-lhes por alma.
Tomarenses! Por favor não confundam. Respeitem o nosso berço comum, a nossa querida Tomar. Não se deixem aldrabar pelos novos vendilhões do templo.
Todos precisamos de viver, mas há um limite mínimo chamado decência. Sem informação livre, não pode haver democracia com qualidade. Em Tomar nesta altura estamos como se vê, sem óculos ideológicos.

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