sexta-feira, 20 de agosto de 2021

 


Politica local/Eventos/ Tourada

Turismo folclórico e turismo político

Tomar já é uma curiosidade, e das grandes, sempre que se opina sobre o inevitável desenvovimento económico. Ao invés de avançarem soluções originais, nem que sejam mais ou menos estapafúrdias, não senhora. Se alguns aventam a enorme vantagem do turismo, aparecem  logo outros a contestar. São os adeptos da industrialização, dos empregos de qualidade e com direitos. Esquecem-se sempre de mencionar qual ou quais indústrias, e também não indicam com que mão de obra especializada, mas pronto. São simples minudências.
Já o eventual desenvolvimento do turismo, segundo os mesmos, pode transformar-se numa das antigas pragas do Egipto e de qualquer forma só cria empregos precários e mal pagos. Por conseguinte, turismo como opção de desenvolvimento, não!
Nesta dicotomia indústria/turismo, que também é uma indústria, "o mundo pula e avança", sem ter em conta as recriminações e elucubrações tomarenses. O Convento de Cristo vai cobrando centenas de milhares de entradas anuais, havendo na cidade cada vez mais hotéis e restaurantes, incapazes de viver só dos tomarenses.
Neste contexto avultam, pelo menos uma vez por ano, dois tipos de turismo próprios dos centros urbanos importantes. São o turismo folclórico e o turísmo político. Do primeiro vamos ter amanhã, 21 de Agosto, uma corrida de toiros, de homenagem ao emigrante, feita essencialmente por turistas e também para turistas. Só um dos cavaleiros e alguns membros de um dos três grupos de forcados é que são nabantinos. O resto é tudo turistas. Por conseguinte, um belo evento de turismo folclórico, pois a tauromaquia é indiscutivelmente uma das belas tradições nacionais, na sua versão a cavalo e com forcados. Com uma enorme vantagem: as entradas são pagas e a receita reverte neste caso a favor do CIRE. Não se trata portanto de entradas à borla, no Mouchão ou na Várzea grande, pagas por todos os contribuintes, mesmo por aqueles que nunca assistem aos eventos.
A exemplo do ano passado, e repetindo aquilo que o PCP começou a fazer logo a seguir ao 25 de Abril, antes da corrida de toiros está previsto um outro evento, mas de turismo político. Haverá uma manifestação (dizem que silenciosa) anti-tourada organizada pelo PAN, naturalmente só com turistas, pois ninguém está a ver os tomarenses metidos em tal salganhada.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, escreveu Camões já lá vão séculos. A seguir ao 25 de Abril o PCP enviava militantes para participar em debates, sessões de esclarecimento e manifestações, a favor da democracia. Quatro décadas mais tarde, um outro partido político legalizado envia militantes a Tomar, para tentar coibir as pessoas de organizarem e/ou assistirem aos eventos que bem entendem. 
No caso do PCP, percebeu-se mais tarde que a democracia que pretendiam não era bem aquela que temos. Na mesma linha, a prevista manifestação pode não ser bem contra as touradas e a favor dos animais, porque essa história de proibições, sabe-se em geral como começa, mas ignora-se sempre até onde pode ir e como vai acabar. A inquisição até era considerada santa e visava apenas proibir as heresias. Vai-se a ver...
Razão tem aquele comentador, no blogue Tomar na rede, que recomenda uma atitude de diálogo e simpatia para com os manifestantes anti-tauromaquia, a qual também apoio: Deixem entrar os manifestantes gratuitamente para a arena, depois de os vestirem de vermelho ou de preto (os toiros são daltónicos). Terão decerto uma experiência inesquecível, tipo turismo de aventura, agradecerão ao empresário da corrida, e até poderão vir a mudar de opinião, tendo em conta o usual comportamento muito colaborante dos toiros...

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