quinta-feira, 5 de agosto de 2021





Património/Convento de Cristo


Contra o anunciado branqueamento da Janela do capítulo

Além do exposto em crónica anterior sobre o mesmo tema, meditando um pouco mais no caso do concurso para lavagem do coro manuelino do Convento de Cristo, impõem-se várias interrogações: Para quê lavar tudo aquilo? Está assim tão sujo, tão desagradável à vista? Não será antes e sobretudo um manifesto caso de ganância, de ganhunça? De exagerada apetência pelos dinheiros de Bruxelas?
Há anos atrás conseguiram levar a deles àvante.  Lavaram o Claustro da Hospedaria e a ermida de Nª Srª da Conceição.  Tanto num caso como no outro, o resultado não é brilhante. Basta ir lá ver. Se agora conseguirem o branqueamento do Coro alto, da Janela do Capítulo e do Portal da Virgem, seguir-se-ão o Claustro Principal, o de Santa Bárbara, o da Micha, o dos Corvos e o das Necessárias?. Com que vantagens? Para quem?
Já se abordou a questão do perigo para o calcáreo, uma vez exposto às chuvas ácidas, por ter sido entretanto removida a camada de líquenes que o protegia. Ficou por salientar que se trata de algo irreversível. Uma vez cometido o erro inicial, para exclusivo proveito de alguns, a progressiva degradação é imparável e todos vamos perder.
Há alguns exemplos estrangeiros, é verdade. Nomeadamente em França, de onde veio essa moda do branqueamento do património. Mas entretanto, constatados os estragos provocados, apesar da pedra ser mais resistente, por terras gaulesas já adoptaram outros métodos. O jacto de água e areia já foi definitivamente banido, porque nefasto.
Mantém-se portanto a questão inicial: Qual a necessidade e a utilidade da lavagem do Coro alto manuelino do Convento de Cristo?
Monumentos tão ou mais prestigiados que o Convento de Cristo, igualmente inscritos na lista do Património da Humanidade, como por exemplo os moais da Ilha da Páscoa ou os sumptuosos templos de Angkor vat, no Cambodja, nunca foram lavados, nem se prevê que venham a ser (ver fotos). Porquê?
Falta de recursos humanos e materiais? Pelo contrário. Angkor vat gera bastante mais receitas que o Convento de Cristo, sendo acompanhado em permanência por uma missão francesa, residente no país.
Perante tudo isto, e o mais que fica por dizer, que tal suprir quanto antes as verdadeiras carências do Convento de Cristo, (apontadas em crónica anterior sobre o mesmo tema) e deixar as fachadas manuelinas como estão? É muito mais barato. E mais sensato.

1 comentário:

  1. Como sempre acertás-te em cheio, já que há tanto dinheiro para limpezas, porque não comçar palos passeios cheios de ervas, os parques ao abandono, as casa da edilidade a cair aos bocados etc etc, mas secalhar isso não dá guito por baixo da mesa.

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