sexta-feira, 13 de agosto de 2021

 


Censos 2021/Política local

Procurar as causas das coisas - 2

Começa-se por pedir desculpa pela insistência. Numa terra com uma maioria eleita cheia de auto-suficiência e basófia, preocupada sobretudo com a sua manutenção no poder, compreende-se que o desastre demográfico dos últimos 10 anos, revelado pelo recenseamento da população, não seja objecto de preocupação e possa até irritar os fatalistas, convencidos que as coisas acontecem por acaso ou mera falta de sorte.
Tomar a dianteira, não tem certezas, apenas dúvidas, não estando minimamente a pensar numa eventual carreira política, totalmente fora de causa. Preocupa-se, isso sim, com o futuro de Tomar, da comunidade tomarense como um todo, e por isso continua a procurar respostas para as muitas perguntas pendentes.
Uma das hipóteses de trabalho que se considerou desta feita foi a influência da emigração na redução da população residente. É o que se procura mostrar na tabela seguinte:

CONCELHOS              % Mulheres/homens     % Perda de população 2011/...21
1 - Caminha................................+7,08%....................................., - 5,1%
2 - Almeida.................................+6,46%......................................-18,8%
3 - Golegã...................................+6,29%...................................... - 8.7%
4 - TOMAR................................+6,28%......................................-10,5%
5 - Ourém....................................+6,25%......................................- 3,0%
6 - Santarém...............................+6,05%......................................- 4,8%
7 - Barquinha..............................+5,84%......................................- 3,9%
8 - Entroncamento......................+5,71%......................................- 0,03%
9 - Ferreira do Zêzere.................+5,42%.....................................- 9,5%
10 - Chaves.................................+5,16%.....................................- 8,8%
11 - Évora....................................+5,05%.....................................- 5,4%
12 - Torres Novas........................+4,80%.....................................- 7,0%
13 - Abrantes...............................+4,53%....................................- 12,6%
14 - Constância............................+4,23%....................................- 6,3%
15 - Ponte de Sor.........................+4,12%....................................- 8,8%
16 - Leiria...................................+3,92%....................................+1,4%
17 - Chamusca...........................+3,88%...................................- 15,7%
18 - .Alcanena............................+3,86%...................................- 10,0%
19 - Alcobaça..............................+3,71%..................................-  3,0%
20 . Batalha..................................+3,20%..................................- 1,6%
21 - Óbidos...................................+2,26%...................................+1,4%
22 - Albufeira...............................+2,21%...................................+8,2%

Esta tabela não representa todo o país. Apenas alguns concelhos da costa e do interior. Em todos os concelhos representados há mais mulheres que homens, desde + 2,21% em Albufeira a + 7,08%, em Caminha.
Há um conjunto de 11 concelhos nos quais as mulheres predominam, de mais 5,05% em Évora, a +7,08% em Caminha. Esta diferença mulheres homens parece indicar forte emigração individual, como no caso de Ourém, tradicional fonte de emigração para a Europa central desde os anos 60 do século passado.
Tomar está bastante mal classificada, 6,28% mais mulheres que homens e mesmo assim uma perda de população de 10,%% em dez anos, apesar de ser um importante centro turístico
Comparando com Albufeira, Évora, Alcobaça, Batalha ou Óbidos, Tomar obtém sempre os piores resultados. A indiciar que a situação pode ser provocada não por falta de recursos, mas por erros e carências de governação.
Que cada leitor saque agora as suas próprias conclusões. Tarefa importante, pois os problemas resolvem-se debatendo, em vez de negar de facto a sua existência.

2 comentários:

  1. O saldo populacional é terrível, mas creio que a realidade é ainda pior porque neste censo contaram os Imigrantes/reformados que agora habitam o concelho, e não são poucos.

    ResponderEliminar
  2. No PORDATA consegue-se perceber muita coisa (e que ajuda a explicar o porquê de estar na situação atual, mas mais grave é a tendência futura - essa sim, é assustadora (e para quem governa ou quem tem intenções isso, não interessa falar):
    https://www.pordata.pt/Municipios/Quadro+Resumo/Tomar-254046

    2010 >>2019:
    - índice envelhecimento 187 >> 261 (idosos / 100 jovens)

    - nascimentos 307 >> 208

    - saldo natural -188 >> -322 (diferença entre nascimentos e óbitos)

    - escolas 76 >> 51 (preescolar+ básico)

    - empresas não financeiras 4092 >> 3884

    - trabalhadores empresas não financeiras 9361 >> 8598


    Por outro lado, em 2020, dos 36.762 residentes no município de Tomar, 1.156 eram estrangeiros, mais 392 do que em 2009?

    O saldo migratório é assim positivo (se não fosse isso, os números seriam ainda piores), e aqui existe uma oportunidade de captar população estrangeira (não necessariamente idosa.. mas por ex... o plano da Câmara para cobertura de fibra óptica de todo o concelho.. como vai, e o abastecimento de água potável, e rede de esgotos ?? )
    (Fontes de dados: INE | SEF/MAI - População Estrangeira com Estatuto Legal de Residente Fonte: PORDATA )

    ResponderEliminar