domingo, 1 de agosto de 2021

 

A cidade não precisa do nome em letras metálicas garrafais. Basta-lhe a Janela do capítulo para a identificar. Quem tira uma foto com a janela ao lado ou ao fundo, e depois a mostra, ouve logo :- Estiveste em Tomar! 
Por conseguinte...

Vida local

Novos tempos novos comportamentos

Vão longe os idos de Maio de 68, do Homem unidimensional, de H. Marcuse, do é proibido proibir, e sob a calçada parisiense, a praia. Agora, seis décadas volvidas, que referências, sendo certo que Maio 68 nunca chegou ao vale nabantino, o que não admira, porque o Sena é longe e os tomarenses sempre gostaram de outras cenas ?
Agora, sem bússola nem pontos referenciais de tradição, mesmo com GPS, é cada cavadela, cada minhoca. A Várzea grande, o velho rossio da vila, ficou um belo monte de estrume urbanístico, após um brilhante esforço de três milhões de euros. Quem atribuiu ao hospital de Tomar a valência de psiquiatria do CHMT, não terá agido por mero acaso. Indícios convergentes, cada vez mais numerosos, apontam no sentido de que estava era bem informado.
Como se não bastasse a extravagância (para não escrever outra coisa, mais ácida e mal cheirosa) do antigo rossio, os mesmos resolveram reincidir. Pagaram e mandaram instalar TOMAR, em letras metálicas enormes, ao fundo do dito largo. Agravaram o problema.
Que tal ocorra em povoações jovens, com pouca história, entende-se. É uma espécie de prova de vida, uma afirmação de existência. Mas numa cidade com mais de oito séculos, berço dos Descobrimentos e com um monumento património da humanidade, é uma patetice que brada aos céus, provocando vergonha a quem ainda sabe o que isso é.
Pior ainda, perante críticas justíssimas, um cidadão qualquer, abrigado num nome suposto impronunciável, veio apodar os comentadores todos do Tomar na rede de velhos do Restelo, quando manifestamente nem sabe o que é o Restelo, quanto mais agora o episódio dos Lusíadas.
Falou-se em tempos no grau zero da escrita. Parece-me que estamos agora em Tomar próximos do grau zero da cultura geral. Em 68, os mais tarde chamados esquerdistas pretendiam um mundo melhor, uma sociedade mais justa, mais livre e mais fraterna. E bateram-se por isso. Quase 50 anos após o 25 de Abril, que pretendem os cada vez mais raros jovens tomarenses, numa terra onde em tempos houve um julgamento popular que deu brado a nível nacional, e onde se chegou a proclamar "havemos de enforcar o último capitalista com as tripas do último burguês"?
Pelo andar da carruagem, parecem ser agora adeptos das manadas, aqueles grupos de jovens que em Espanha estupram e em Portugal violam, ou pelo menos causam distúrbios, como há pouco em Vila Nova de Milfontes.
O que será preferível? Velhos do Restelo que empatam e criticam, ou jovens que são autênticas encrencas acéfalas, agindo como carneiros?
Se alguém souber e quiser responder, Tomar a  dianteira agradece desde já. A bem da cidade e do concelho. Da comunidade tomarense.

1 comentário:

  1. Haverá de tudo, mas mais de uma coisa do que outra..

    Aqui, um exemplo de um jovem que se dedicou e apresentou trabalho feito - académico é certo, mas identificando problemas e apresentado soluções (muitas com custo de implementação inexpressivo, tendo em conta que se torram milhões de euros em refazer passeios que já existem):

    "A envolvente do Convento de Cristo em Tomar: Uma leitura sobre o lugar no tempo para uma proposta de regeneração urbana":
    https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/118870

    (feito com o apoio de ilustres Tomarenses e do próprio Município, sem ajustes diretos..)


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