Compreendo aquele pessoal do Tomar opinião, que só escreve de quando em vez. Tal como compreendo também João Damásio, que no seu Tomar à letra esclarece nunca ter prometido escrever todos os dias. É verdade João. E coloca-o agora numa situação bastante mais confortável do que a minha. Porque numa terra como Tomar, onde cada vez acontecem menos coisas interessantes, escrever todos os dias está-se a transformar num verdadeiro bico de obra.
Os tomarenses em geral, como é bem sabido, guardam de Conrado o prudente silêncio. E os que não conhecem essa célebre frase, pensam para com os seus botões que o calado foi a Lisboa e veio e não pagou nada.
Afora estes casos de manifesto calculismo cínico, temos a esmagadora maioria tomarense que nada diz e nada escreve por evidente incapacidade. Na verdade, nunca souberam nem sabem falar ou escrever em termos inteligíveis. É pena mas é a triste realidade.
Já os raros pensantes e escreventes, que lá conseguem como eu ir estruturando qualquer coisa com prazer. estão confrontados com uma inquietante realidade. Temos uma maioria na autarquia que, com a notável excepção luisferreirista, nada diz, nada publica e manifestamente odeia quem ousa fazê-lo. O que não admira, pois até os próprios eleitos da oposição são na prática votados ao ostracismo. Só os deixam falar porque os não podem decentemente mandar calar. Mas nem sequer agendam as propostas que apresentam, para depois não terem a maçada da respectiva discussão...
E o mais caricato da situação reside no facto de as vítimas de tal comportamento autocrático se limitarem a vagos protestos de circunstância, ou por vezes nem isso. Ao que se chegou! Um órgão teoricamente democrático onde na prática só quem governa tem todos os direitos. Os outros são tratados como meras plantas ornamentais. Ou animais de estimação, só para vista.
Num tal contexto, não adianta perder tempo a escrever sobre a autarquia. Se a nossa simpática e bem trajada presidente nem sequer liga ao que diz a oposição, vai lá agora incomodar-se com a prosa mal alinhavada dos malévolos escribas locais, entre os quais naturalmente me incluo! Acresce que, como a actual malta mãozinha+CDU também não tem, que se saiba, quaisquer projectos para Tomar, nem habilidade para os engendrar, escrever e publicar serve para quê, além de poder aliviar o cérebro de cada um? Cai tudo em saco roto.
É meu entendimento que o melhor caminho, nesta altura da desgraça nabantina, seria começar já a debater as ideias, os projectos, os programas e os candidatos a candidatos para Outubro de 2017. Mas, numa terra onde as pessoas são como são, admitindo que venham a existir tais matérias, só à última da hora haverá uns simulacros de debate. Tradicional maneira ardilosa de evitar estragar arranjinhos penosamente edificados...
Por isso estamos cada vez melhor. Como está à vista de quem não seja intelectualmente cego.
(Aqui o leitor pensará decerto: "Lá vem este gajo com mais um texto chato. Que mal fiz eu a Deus para ter de o aturar?") Pois, digo eu.
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