É dos livros da especialidade. Convivem em cada país e em cada localidade dois tipos de cidadãos: os herdeiros e os conquistadores. Os herdeiros são sempre e de longe os mais numerosos. Salvo nos países anglo-saxónicos e respectivas antigas colónias, por razões que seria demasiado longo expor aqui.
Integram os que vivem à custa da família ou do orçamento do Estado e suas dependências locais, na chamada burocracia pública dispensável, o conhecido "império dos sentados". Nada a ver portanto com médicos, enfermeiros, professores, polícias e por aí fora... São em geral gente extremamente conservadora, mesmo e sobretudo quando se dizem de esquerda. Incapazes de imaginar uma vida autónoma, sem a protecção permanente da família e/ou sobretudo do papá Estado. Eles andam por aí. É só vê-los fingir que vivem.
Pelo contrário, os conquistadores, que são empresários, investidores, industriais, comerciantes, emigrantes, são gente que procura antes de mais ganhar a sua vida fora da esfera do Estado, que em geral consideram um praga maléfica que temos de aturar. São quase sempre gente de direita, adversários acérrimos do "estado assistencial", geralmente conhecido como estado providência ou estado social. Odiados pelo PCP e pela extrema-esquerda elitista, retribuem na mesma moeda e com juros elevados.
Para mal dos nossos pecados, aqui em Tomar praticamente nem sequer há conquistadores. É quase tudo herdeiros, vivendo à custa dos impostos que todos somos obrigados a pagar. Excepto, claro está, quase metade dos citados herdeiros, cujo "rendimento mensal" é inferior ao mínimo legal. Temos assim uma verdadeira maravilha. Uma nova versão do milagre da multiplicação dos pães. A maior parte dos que vivem à custa do orçamento, não pagam impostos!
É claro que nada tenho contra os necessitados, nem contra os funcionários dispensáveis. Estou apenas a tentar caracterizar a nossa triste situação aqui em Tomar. Onde boa parte dos conquistadores nem sequer são tomarenses de nascimento. Porque será? Problemas de educação? Herança sociológica?
É que sem conquistadores, sem empresários, sem investimento, sem iniciativa privada, não há progresso possível. Como ficou amplamente demonstrado na Europa de Leste e está à vista em Cuba, no Vietnam, no Laos ou na Coreia do norte.
E aqui em Tomar não há condições minimamente atractivas para a iniciativa privada. Pelo que, estamos cavando a nossa sepultura enquanto cidade com alguma importância, ao mesmo tempo que nos vamos queixando de que nos estão a enterrar...
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