As noções de avaliação e auto-avaliação entraram há relativamente pouco tempo na nossa cultura. São mais duas importações anglo-saxónicas. Não espanta por isso que abundem os erros e as incapacidades totais nessa área. O caso mais flagrante é o dos políticos, sobretudo os locais. Desde as primeiras eleições livres, e já lá vão 40 anos, que assistimos, aquando de cada eleição, a um duplo mal entendido. No seio de cada partido são elaboradas listas, com critérios que manifestamente não incluem uma adequada avaliação prévia dos candidatos a candidatos. Depois, singularmente manietados nas suas escolhas pelo bizarro sistema eleitoral que temos, os eleitores fazem outro tanto. Os resultados aí estão, escancarados à vista de todos.
Candidatos a candidatos porque com afigurações, a seguir escolhidos praticamente em regime de "depois logo se vê", tanto pelos correlegionários como pelos eleitores, uma vez nas cadeiras do poder têm uma acentuada tendência para se considerarem os maiores. Todos os políticos locais, ainda activos, ou já reformados, consideram que fizeram excelentes mandatos, apesar de a realidade envolvente demonstrar o contrário. Há apenas duas notáveis excepções. O Paiva, que errou até mais não, por falta de adequada e substantiva oposição. O Corvêlo, que teve o mérito de saber retirar-se, ao constatar que não estava em condições de dar conta do recado.
No escol político actualmente activo reina o auto-convencimento óbvio. Apesar das inúmeras evidências em sentido oposto, a presidente Anabela está tão convencida da excelência da sua acção que até já anunciou a sua candidatura a novo mandato. Tarimbeiro político de há muitos anos, após ter entrado pelo sótão, Pedro Marques continua a sustentar, contra tudo e contra todos, que os seus dois mandatos foram uma maravilha, o mesmo acontecendo com a sua actuação no quadro dos IpT. Jovem promissor, mas por isso ainda tenrinho, o líder laranja local também se crê credor de admiração pela sua actuação como líder da oposição, quando a população em geral pensa exactamente o contrário. A agravar o quadro, aconselhado nestas linhas a convocar uma eleição primária aberta para escolha do cabeça de lista, única hipótese realista de poder vir a vencer, já demonstrou fugir de semelhante possibilidade como os ciganos fogem dos sapos.
Disse o Lavoisier em tempos que "as mesmas causas, nas mesmas condições exteriores, produzem sempre os mesmos efeitos". É o que está a ocorrer no blogue Tomar opinião, praticamente já defunto. Um pequeno escol local, composto entre outros por políticos credenciados e professores, reuniu-se bastas vezes, mas não terá feito o indispensável: a auto e hetero-avaliação. O resultado é trágico, porém muito elucidativo e útil, caso dele saibam extrair as conclusões que se impõem.
Resolveram lançar um blogue colectivo, uma novidade habilidosa visando suprir a dificuldade de produzir diariamente textos pessoais. Contaram uns com os outros, sem a indispensável, adequada e rigorosa avaliação prévia. Só podia dar bota. E já deu. Tal como na política local.
Já lá vão cinco séculos, Garcia da Horta escreveu no seu Tratado das drogas e dos simples que "a experiência é a madre das coisas". Infelizmente os tomarenses, particularmente os políticos, não parecem capazes de acumular experiência. É pena e tem elevados custos para todos. Infelizmente.
É importante ter em conta que, nas últimas autárquicas e na nova freguesia urbana, metade dos eleitores inscritos não votaram. Um em cada dois!
Porque terá sido?
Por este caminho vamos a algum lado?
Porque terá sido?
Por este caminho vamos a algum lado?
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