Se bem entendo, tudo se vai conjugando para termos em Outubro 2017 a mesma escolha eleitoral de 2014. Metaforicamente, entre a tuberculose, a peste e a cólera morbus. Estou a exagerar? Admito. Mas só nas componentes da metáfora. Porque no resto, como os leitores bem sabem... Que escolha real existe quando se quer, por exemplo, comprar um cão de guarda e só podemos escolher entre três ou quatro perdigueiros, que são cães de caça?
Indo ao real, à prática. Que diferenças práticas se têm notado na actuação dos autarcas em funções no executivo camarário? O quarteto 3PS1PC não governa, ou governa mal? É um facto. Mas que acções já desencadeou a oposição 2PSD1PM para alterar tal estado de coisas? Criticaram com veemência? Abandonaram reuniões do executivo como forma de protesto? Mandaram exarar reclamações fundamentadas nas actas? Apresentaram propostas alternativas? Denunciaram na informação local a triste situação a que se chegou? Como bem sabemos todos, a resposta é sempre a mesma -NÃO. Porquê?
Porque na realidade os senhores eleitos, tanto os maioritários como os oposicionistas, sentem no seu íntimo que fazem parte de um escol. Que integram, como comendadores bem entendido, uma nova Ordem de Cristo. Que por isso estão e agem numa plataforma muito acima da população em geral, com a qual só se preocupam aquando das eleições. O resto do tempo consideram que se trata de uma chusma de ignorantes, de invejosos e de maledicentes, que pouco ou nada merecem. E a quem quanto menos se disser, melhor será.
De tal forma que o divórcio entre eleitores e eleitos é cada vez mais acentuado. Sucedem-se as abstenções entre os 40 e os 50%. Na nova freguesia urbana, mais de metade dos inscritos não votou em 2014. Nestas condições, se insistirem na óbvia patetice de transformarem as eleições autárquicas de 2017 numa simples repetição das de 2014, estou certo que as mesmas causas vão produzir os mesmos efeitos. Não havendo escolha efectiva, os eleitores vão passear.
E digam-me lá com franqueza: Para além das diferenças físicas, o que distingue realmente Anabela Freitas de João Tenreiro ou Pedro Marques? Como usa dizer o camarada Jerónimo, salta à vista que "é tudo farinha do mesmo saco". E nunca se viu ou verá pessegueiros a darem nêsperas.
Portanto, tudo devidamente ponderado, se em Outubro de 2017 os candidatos com hipóteses sérias de vencer foram, como por enquanto tudo indica, Anabela Freitas, João Tenreiro e Pedro Marques, não contem com o meu voto. Detesto participar em farsas. Sobretudo quando têm implicações sérias na carteira e na qualidade de vida...
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