sábado, 28 de outubro de 2023

Fogo de artifício lançado da Ponte dos ingleses. Em primeiro plano, multidão no Aterro da Praia de Iracema - Fortaleza - CE,  no réveillon 2022/23.

Economia do turismo

"O INVESTIMENTO NO RÉVEILLON"

Jocélio Leal

A crónica seguinte é cópia integral do trabalho do jornalista brasileiro Jocélio Leal, publicado n'O POVO de 27/10/2023, página 14. Devido ao "formato Berlin" (duplo A4) a duas colunas, a simples cópia digital resultaria numa leitura bastante difícil, ou levaria a uma formatação assaz complexa,  o que forçou a optar pela reescrita integral.

Ajudas para melhor entendimento da leitura

Prefeitura = executivo municipal, com secretários em vez de vereadores
Showbiz nacional = mercado dos espetáculos no Brasil
táxi e apps = táxis clássicos e de aplicativo
Ónibus = autocarros urbanos ou de turismo
IGF = Inspecção fiscal
Petista = filiado no PT, partido do Lula
Pedetista = filiado no PDT
DNA = ADN
En passant = A propósito
Zerasse = conseguisse pôr o balanço final a zeros.

"O investimento no réveillon de Fortaleza é isso, um investimento. Ao aplicar o nosso rico dinheirinho na contratação de nomes caros do showbiz nacional, Fortaleza ratifica um posicionamento de mercado iniciado ainda  na gestão de Luizianne Lins (2005-2013). Ali, a Prefeitura definiu que iria fazer uma mega festa, a mirar a vinda de turistas domésticos. E assim tem sido.
Hotéis cheios, bares e restaurantes idem, mais corridas de táxi e apps, mais ónibus alugados, mais passeios, parque aquático e barracas de praia lotadas, mais artesanato sendo vendido e, enfim, mais arrecadação fiscal e mais emprego em toda a cidade, porque o negócio do turismo é bastante capilar. Ao mesmo tempo, mais despesas com a maior demanda para os serviços públicos -do fiscal de rua à caríssima operação do IGF.
É o tipo de iniciativa que não permite críticas da oposição petista, ou mesmo da pedetista (filiada no PT), dado o DNA da festa. No máximo, chamam à boca pequena de Sartopalooza, em alusão ao festival Lollapalooza, em S. Paulo. Já a oposição bolsonarista fica à vontade para bater porque não chegou ao poder. Lá estando, estaria diante da decisão de manter a aposta, ou abrir mão do posicionamento construído pela cidade ao longo dos anos. En passant, a Prefeitura fala em captar  investimento de 12 milhões de reais, por investidores. Tomara que consiga. Melhor se zerasse a conta.
A indústria do turismo é feita de resultados bem pulverizados, o que torna mais difícil demonstrar qual o tamanho do impacto positivo. Por vezes o peso maior do retorno ocorre até fora do território-alvo do investimento Caso dos bilhetes aéreos. As companhias faturam fora. De todo modo, terá trunfo político importante a Prefeitura, caso consiga demonstrar de maneira mais clara o retorno do que está a investir. Hoje mede por meio de um departamento  da Secretaria do Turismo. Um estudo contratado a uma organização de referência, seria mais convincente."





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