quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Turista consultando o airbnb, a mais importante plataforma mundial de reservas no alojamento local. 
Antes da pandemia, estavam licenciadas pela Câmara no concelho de Tomar 168 unidades de  AL - Alojamento local. Assim sendo, falar de falta de habitação, só pode ser um equívoco.


Câmara municipal - Habitação social

Alojamento social e alojamento turístico




Na indiferença quase geral, como é costume,  Tomar a  dianteira 3 ampliou uma notícia da página de Casimiro Serra no Facebook, sobre o escândalo evidente de haver alojamento local, licenciado pela Câmara, num conjunto habitacional de tipo social, de custos inferiores ao do mercado imobiliário normal.
Um amável conterrâneo e comentador habitual, escrevendo de Inglaterra, onde trabalha, discordou parcialmente, e ainda bem. Permite um esclarecimento mais alargado. Sendo verdade que nos bairros sociais os habitantes são em geral inquilinos, enquanto nas cooperativas são proprietários, convém não esquecer dois detalhes. Nos barros sociais também há rendeiros que compraram os seus apartamentos, aproveitando essa facilidade concedida pela administração pública, e nas cooperativas os citados proprietários afinal mais não são, na maior parte dos casos, que rendeiros dos bancos, aos quais têm de ir pagando os empréstimos. De tal forma que a diferença prática é bem pouca.
As condições de vida é que podem ser bem diferentes, consoante o concelho ou o país em que se vive. Sobre as vantagens e inconvenientes dos alojamentos sociais, para não alongar demasiado esta crónica, aconselha-se o recurso ao link supra, em que um eleito do Partido socialista diz de sua justiça, o que só lhe fica bem. Demonstra que nem toda a gente se vende por um prato de lentilhas, e que Tomar a dianteira 3 não é só má-língua.
Indo agora à questão principal do AL - Alojamento local, num prédio tipo alojamento social. Para se ter uma ideia da barbaridade cometida pelos serviços camarários, passa-se a indicar o caso de outra cidade, para depois acrescentar uma informação local muito significativa.
Em Paris, que não é propriamente um pequeno concelho do Baixo Alentejo, mas uma das principais metrópoles europeias, por sinal a que mais turistas atrai a nível mundial, para se obter uma licença de aluguer para alojamento local, a mairie, a câmara da zona de residência do requerente, exige:
-Escritura que comprove a propriedade do apartamento.
-Projecto de adaptação à nova funcionalidade, nos termos legais.
-Autorização escrita de todos os condóminos, com indicação da votação efectuada, se for o caso.
-Regulamento do condomínio, se existente.
-Declaração, com assinatura reconhecida, de que o requerente possui outro apartamento semelhante no mesmo bairro, para arrendamento normal, acompanhada pela escritura de compra  e pelo contrato de arrendamento, se já houver.
Como se constata, um pouco mais de rigor em relação Tomar, onde basta "bater na porta certa", e aceitar as condições. Tal facilitismo interesseiro provoca naturalmente algumas ocorrências menos comuns e incómodas no vale nabantino.
Dois apartamentos situados no mesmo prédio do centro histórico, licenciados pela Câmara para AL - Alojamento local, foram algum tempo depois encerrados compulsivamente pela ASAE, por falta de condições sanitárias adequadas.
Mais comentários sobre o rigor técnico de alguns licenciamentos dos serviços camarários, para quê? Sabe-se há muito o que a casa gasta, com a complacência dos autarcas eleitos.


6 comentários:

  1. Professor, a Nabância era para a classe média da altura, aquilo não era habitação social. Para mim habitação social são o bairro primeiro de maio, o bairro da caixa e o bairro de nossa senhora dos anjos, onde íam para lá morar pessoas que na altura tinham fracos recursos mas eu até sei de casos em que as pessoas melhoraram e muito de rendimentos, deixavam-se estar e aproveitavam as rendas baixas. Algumas compraram as propriedades, o que para lhe ser sincero, acho mal, acho que as propriedades deviam de ser para pessoas que precisam.

    Para a Nabância íam pessoas da classe média que compravam as habitações. Eles estavam a pagar a prestação ao banco mas estavam a pagar uma coisa que era deles, muito diferente de estar a pagar renda. É verdade que as casas eram mais baratas mas eles têm tantos direitos como quem mora em fracções de fora, como é o meu caso. Eu moro no centro ds cidade, moro ao pé da sede do PSD, mas eu preferis morar na Nabância. O Paiva deu cabo do estacionamento da rua da Fábrica, até hoje ainda não conheci ninguém que diga bem dele, sem ser o caro professor.

    O Professor vai dizer: 'Eles precisavam de ter uma casa e compraram-na" mas quanto a mim as pessoas deviam de sair ou então de terem a renda aumentada. As rendas eram muito baixas e alguns pagavam aquela miséria e ainda se queixavam e queriam que a câmara fizesse obras. O sr. sabe melhor do que eu que o país no pós 25 de Abril era um regabofe, era uma coisa sem rei nem roque. Ainda estamos a pagar a fatura, apesar de hoje o país está melhor, mais organizado, as coisas não podíam continuar daquela maneira. Ainda há muito para melhorar mas as coisas estão melhor. O bairro salazar agora é da câmara para habitação social mas quando foi construído também era??? Provavelmente não!!! Não sei se o professor sabe mas por causa dos Flecheiros terem ído para lá fechou o café 'a Severa' que fica mais abaixo, salvo erro é na Rua João dos Santos Simões, mas posso estar enganado. Lá se vai a agenda para a inclusão com que o PS local enche a a boca. Eles podem gastar o dobro ou o triplo do dinheiro que não funciona.

    Quanto á falta de habitação em Tomar será que é real? Eu vejo imensas imobiliárias a abrirem, ainda á duas semanas abriu uma nova. A malta não tem é emprego, muitos que têm são precários e com salários baixos e assim é difícil aceder ao crédito. O Professor vá á net e veja as vagas de emprego disponíveis, faça esse exercício e vsi ver....

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  2. Apenas uma linhas complementares: 1 - Seja habitação social, seja para a classe média, mesmo respeitando o direito de propriedade, é uma aberração haver alojamento licenciado para turistas num conjunto cooperativo. Deve ser caso único na Europa ocidental e só tem paralelo no turismo comunitário, nos kibutz em Israel.
    2 - No início, nos anos 50, ninguém queria ir morar para o Bairro Salazar. Agora ninguém queria de lá sair, antes de chegarem os novos vizinhos um bocado incómodos. Bem dizia o Camões, apesar de zarolho: "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades/Todo o mundo é composto de mudança/ tomando sempre novas qualidades." Aguardemos, para perceber quais são essas novas qualidades. Camonianas de Camões? Ou dos "camones"? Aqueles da "bifas" algarvias...

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  3. Mais uma vez afirmo que o turismo é um setor predador e de baixo valor acrescentado.
    É uma muleta financeira para países subdesenvolvidos onde representam mais de 20 %do PIB.
    No concelho de Tomar com tanto AL e hotéis perdemos 10% da população em 10 anos de "governação" socialista
    E a única estrutura que dependia diretamente CMT, o parque de campismo foi encerrado e nunca mais fizeram outro!
    AMBIÇÃO e OBJECTIVOS é o que falta!

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  4. Eu peço ao Professor que faça um artigo sobre o emprego e a falta de dinamismo económico em Tomar, pois de certeza que a malta do PSD vai ler e talvez se inspirem e falem deste assunto na Assembleia Municipal e nas reuniões quinzenais da câmara. Como diria um familiar meu não há a put@ de uma agência de trabalho temporário em Tomar. Há meia dúzia de agências imobiliárias mas nem uma agência de trabalho temporário!!! Há em Ourém, há em Abrantes, mas não há nenhuma em Tomar. Antigamente ainda havia uma ou outra, lembro-me do Tonera e do Valdemar, apesar de serem metalomecânicas também meterem pessoal nas empresas. Segundo a net o Tonera já fechou, faliu. O Valdemar não sei. Era de esperar que os hotéis, restaurantes, bares e explanadas, etc... tivessem necessidade de pessoal na época alta e recorrerem a trabalhadores temporários para ajudarem.... eu se fosse deputado ou vereador da oposição falava nisto sempre que pudesse, em todas as sessões da assembleia municipal ou de reuniões de câmara? Isto tem de se dizer. Tomar no rumo certo? Não me parece, muito pelo contrário.

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    1. Tomei nota deste seu pedido, amigo Helder, ao qual procurarei responder lá mais para diante. Por agora nem pensar. É um tema demasiado complexo, a exigir madura reflexão, pois se trata de dois campos interligados bem vastos -emprego e dinamismo económico. Acresce que, em matéria de emprego, tudo indica que o eleitorado tomarense está muito bem informado.
      Nas autárquicas de 2021, as candidaturas do PS e do PSD foram encabeçadas por duas funcionárias públicas técnicas de emprego, Anabela Freitas e Lurdes Fernandes, tendo os tomarenses escolhido a primeira pela 3ª vez. Por alguma coisa terá sido. Emprego com fartura? Dinamismo económico para dar e vender? Não consta. Mas então...

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  5. Se querem falar de economia do Concelho, esta semana TNR publicou duas notícias que deviam envergonhar todos os Tomarenses:

    https://tomarnarede.pt/destaque/tomar-ja-recebeu-quase-19-milhoes-de-euros-do-programa-portugal-2020/

    https://tomarnarede.pt/economia/novidades-do-mundo-dos-negocios-em-tomar-11/

    Se querem saber para onde vamos, a resposta é simples: para lado nenhum.

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