quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Jornal O POVO, página 5, 24/10/2023

Política local

Promoção turística: Aldrabar até ao fim


O tema é, ao mesmo tempo, grave e fulcral. Grave, porque está a contribuir para o definhamento de Tomar. Fulcral porque é, quando bem gerido, o principal motor do desenvolvimento local. Trata-se do turismo, e da sua adequada promoção. Que só agora é objecto de uma crónica, porque o autor andava procurando um exemplo comparativo, capaz de demonstrar, sem margem para dúvidas, que a maioria socialista anda a aldrabar os tomarenses, e a prejudicar gravemente os empresários locais, iludindo-os com paleio de circunstância, quase totalmente oco.
Pode ler-se na imagem supra que Fortaleza, cidade de 2,5 milhões de habitantes e mais de 20 mil camas hoteleiras, capital do Estado do Ceará, um dos 27 estados brasileiros, com 6,5 milhões de habitantes, mas três vezes maior que Portugal, e com uma importante fachada marítima, gasta 10 milhões de reais (mais ou menos 2 milhões de euros),  em promoção turística "o maior investimento promocional em dez anos".
Para promover o quê? Dois produtos turísticos muito populares no Brasil (215 milhões de habitantes, contra apenas 10 milhões em Portugal):  1 - As praias (Jericoacoara, Cumbuco, Fortaleza, Canoa Quebrada); 2 - O "réveillon" na Praia de Iracema (onde reside o escriba), com abundante fogo de artifício e concerto até alta madrugada
Ambos os produtos propiciam boas receitas hoteleiras. As praias porque, tratando-se de sol e banho, quanto mais tempo melhor, pois a temperatura é igual durante o ano todo. O "réveillon" porque, sendo nocturno até alta madrugada, torna  necessário ficar pelo menos duas noites no hotel -a da chegada e a da ressaca.
Comparativamente, Tomar, 40 mil habitantes e apenas 2 mil camas hoteleiras, gastou este ano perto de milhão e meio de euros em promoção turística, com os tabuleiros e a feira de Santa Iria. Para promover concretamente o quê? Ninguém sabe responder com precisão. O que não surpreende, pois quando se questiona a utilidade dos tabuleiros ou da feira, a resposta é sempre a mesma -"servem para promover Tomar e cumprir a tradição." De que modo? Mistério.
Os tabuleiros, no seu modelo organizativo actual, proporcionam, quando muito, 2 noites de hotel, e a Feira nem isso. Os visitantes vêm, bebem ou comem qualquer coisa, na melhor das hipóteses, assistem a um dos concertos à borla, quando assistem, e regressam a casa, que o país é pequeno e as estradas são boas. (Segundo a notícia, a campanha de marketing está a fazer-se em S. Paulo, 22 milhões de habitantes, capital económica do Brasil, a 2 mil e novecentos quilómetros de Fortaleza, 39 horas de viagem por estrada,  como de Lisboa a Berlim.)
Não é preciso ser um génio, nem mesmo um modesto conhecedor, para concluir que a "estragação" de dinheiro público, que se pratica em Tomar com bastante exagero, argumentado tratar-se de cumprir a tradição e promover a cidade, não passa afinal de compra de votos encapotada, por intermédio de amigos e compadres, que são sempre os mesmos desde há anos. 
Uma aldrabice mal enjorcada. E até aí os senhores autarcas socialistas, de tendência rústica e com mau feitio, são enganados. Os empresários e outros beneficiados  continuam a votar em quem mais lhes agrada, e os visitantes não votam em Tomar. É tudo um mar de enganos. Mal empregado dinheiro! Que depois faz tanta falta para coisas mais úteis.


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