sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Recordação do século passado

"Está muito bem escrita e documentada, 
mas é demasiado indigesta para alguns estômagos locais."


A crónica anterior, sobre o poder e a informação livre,  trouxe à memória  uma ocorrência do início da década de 80, do século passado. Era então director do semanário Cidade de Tomar o tomarense Gonçalo de Macedo, e o autor destas linhas tinha-se deixado arrastar para uma lista eleitoral do PS, vindo a ser eleito deputado municipal, como agora se diz. Na altura eram simples vogais do parlamento municipal. Outros tempos, com menos presunção.
A aventura pessoal durou apenas cerca de dois anos, até que o eleito independente da bancada socialista resolveu deixar de comparecer, por falta de paciência para aturar sessões semelhantes às actuais. Há quem goste, sendo por isso mais conveniente abster-se de qualificações. Quem desejar saber mais, é só assistir, presencialmente de preferência, ou na net.
Pouco tempo depois da eleição, Gonçalo de Macedo solicitou a quem escreve estas linhas que fizesse a crónica de cada sessão do parlamento municipal, numa altura em que ainda não havia internet, nem transmissão em directo. A primeira crónica foi publicada e agradou, segundo opiniões colhidas na época, mas a segunda nunca passou da secretária do chefe de redacção, Romualdo Mela, "um excelente escudeiro", segundo o director do semanário.
Incomodado com tal atitude de censura prévia, o autor questionou o director Gonçalo de Macedo, que foi elegante e frontal, com era seu timbre: "Prezado António Rebelo, a crónica está muito bem escrita e documentada, mas é demasiado indigesta para alguns estômagos locais."
Foi uma sentença definitiva, sem recurso possível. Nunca mais voltou a haver crónica do parlamento municipal. Até hoje, nunca ninguém mais ousou ultrapassar a barreira dos estômagos locais, nos tempos mais recentes bem abonados pela gamela municipal.
Numa terra assim, aqui fica este apontamento, para memória futura.


6 comentários:

  1. Eu também sou indigesto para os estômagos locais, especialmente os familiares, perdoe-me a imodéstia, talvez por eu ter 'mundo' sou visto como um maluco, eles riem-se de mim, das coisas que digo, mas os malucos e ignorantes são eles. Por exemplo, eu tenho um familiar que se mijou a rir quando lhe disse que eu, tal como grande parte da população portuguesa, não sou branco. Nós portugueses somos resultado de misturas de povos que habitaram a península ibérica ao longo dos tempos. O ignorante é ele, não sou eu. E há outros exemplos....

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    1. Não se amofine, Helder. Gualdim Pais era estrangeirado. Andou pela Palestina. O Infante D. Henrique era estrangeirado. A mãe era inglesa. Frei António de Lisboa era estrangeirado, professou nos Jerónimos, em Espanha. D. João III era estrangeirado. A mãe era espanhola. Filipe II era mesmo estrangeiro. Era espanhol. Mas foi ele que mandou fazer os Pegões, resolvendo o problema da água no Convento ao fim de cinco séculos.
      É por isso que os tomaristas detestam quem tem mundo e pensa de modo diferente. Os tais estrangeirados. Foram esses que mudaram Tomar, e os tomaristas odeiam a mudança, mesmo quando afirmam o contrário. É só conversa fiada.

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    2. Há mais coisas que são incompreensíveis a um Português, por exemplo o 13 e 14 meses. Já me aconteceu dizer a familiares que era melhor dividir o bolo salarial total por 12 e não por 14, e sas pessoas nem me deixaram explicar, ficaram furiosas comigo, aos gritos. A maior parte dos países paga 12 salários e não 14, pois se o ano só tem 12 meses!!! Quando se fala em dinheiros a malta endoidece. Se chegar aí a Tomar um Britânico que seja empreendedor, e eles são-no muito, há na Netflix uma série chamada o Banco do Dave que eu recomendo vivamente para vocês verem o que é o empreendedorismo, o Británico dirige-se ao gabinete Tomarinveste da CMT, e além de ficar a saber que vai ter de pagar 14 salários, e até podem explicar á pessoa que é assim porque os salários são baixos, essa é a razão de pagarmos esses subsídios. O empreendedor vai achar eistranho, mas não diz nada. Depois quando esplicam a esse possível investidor que tem de pagar o subsidio de alimentação, 6 euros por dia. Essa pessoa vai pensar assim: "Estes gajos são malucos, então eu pago o ordenado e ainda tenho de dar dinheiro para a alimentação!!! Então para é que serve o ordenado???!!! Depois tem de pagar também 23% (arredondados) para a segurança social, a chamada TSU, e o investidor vai pensar assim, mas então o ordenado não são 760 euros por mês, é muitíssimo mais. "Eu por cada trabalhador a ganhar o salário mínimo vou ter de dispender mil e cem ou mil e duzentos euros por mês, enganaram-me!!! Isto é tudo gente doida!!!" Quanto maior for o ordenado maiores serão os encargos escondidos para as empresas. Há muitíssimas empresas que foram á falência por dividas á segurança social.

      Há muitas mais diferenças professor. Por exemplo o sr. em Portugal tem o NIF e o número da segurança social, a meu ver só um bastava, se eu for para Portugal e quiser abrir um negócio unipessoal eu tenho de ter um contabilista, e eu não preciso porque eu mesmo poderia fazer a contabilidade da minha empresa pois sou bom a fazer contas, etc...., etc.... Portugal é um país avesso ao investimento. As empresas são atraídas pelos apoios e subsídios públicos, quando se acabar a mama eles dizem tchau e vão cantar para outra freguesia.

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  2. Eu pesso desculpa pelos erros ortográficos e de sintaxe. Os erros ortográficos são porque eu escrevo muito depressa num tablet e já vejo mal e o campo de escrita do meu tablet é muito pequeno e tornar-se difícil visualizar tudo. Só depois do Professor aprovar e publicar é que eu consigo ver melhor e deteto os erros que até me fazem rir. Tenho muito prazer em comunicar as minhas ideias aqui no blogue do Professor, e penso que apesar dos erros vocês conseguem perceber o que eu quero dizer e transmitir as minhas ideias.

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    1. Amigo Helder, há realmente alguns erros ortográficos, sobretudo casos de homofonia, como pesso =/PEÇO, que todavia não alteram o sentido geral do texto, o qual continua legível. Porque não recorre ao corrector ortográfico antes de enviar para publicação?
      Obrigado pela sua colaboração cidadã.

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    2. Olhe professor, já me ri outra vez. Eu até sei que é peço e não pesso, mas olhe, saiu assim, o que é que hei-de fazer. Já vejo mal e o tablet é pequeno. Mas, não desmerecendo os outros comentadores e opinadores, mais ninguém aqui comenta os assuntos da maneira que eu faço, com muita pena minha. Cumprimentos

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