domingo, 1 de outubro de 2023

Narrativas laterais tentando iludir os demais

Alojamento social

Narrativas laterais 

tentando  iludir os demais

ENTRONCAMENTO – PSD volta a dizer ‘não’ à construção de habitações a custos acessíveis: «Temos mesmo a necessidade de construir mais cem casas?» | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

É mais um episódio da farsa sobre habitação a custos controlados no Entroncamento. Cada lado avança a sua narrativa, sob a forma de discurso lateral e, como dantes dizia o povo, "Vários ao burro e o burro no chão." No caso, ao princípio não era o verbo, mas a habitual pedincha portuguesa em Bruxelas. Conseguiram aquela enorme pipa de massa do PRR, mas como ninguém dá nada a ninguém sem contrapartida, boa parte foi destinada ao alojamento social. Embora muito conveniente para a esquerda no poder, uma vez que permite aumentar a dependência do Estado e portanto "comprar votos", tem o inconveniente de ser geralmente rejeitada pela chamada classe média baixa, que recusa habitar paredes meias com "RSIstas", ciganos, imigrantes e outras camadas menos favorecidas da população
Começou então a narrativa lateral dos socialistas. Em vez de "alojamento social", "habitação a custos controlados para a classe média", e vá de lançar na arena milhões e mais milhões, para a construção de novos alojamentos sociais. Em Tomar, onde têm maioria absoluta, vão construir 32 apartamentos "a custos controlados", alguns dos quais na Choromela. O contrato já foi assinado e a oposição nada disse. Um silêncio significativo.
No Entroncamento, onde o PS governa a Câmara mas em minoria, aconteceu o escândalo, 3 vereadores PSD uniram-se a um outro independente, eleito numa lista do Chega, e rejeitaram a proposta de construção de "cem alojamentos a custos controlados", com financiamento comunitário a 100%. Foi escandaloso, acham os senhores jornalistas da zona, porque não conseguem encontrar uma justificação aceitável para tão insólita reprovação.
Complicando a situação, o PSD e o vereador independente, em vez de irem ao fundo da questão, explicando as coisas como elas são, optaram  pela narrativa lateral, tal como os socialistas. Um deputado municipal laranja interroga se há mesmo necessidade de 100 novos alojamentos, em vez de, à boa maneira ribatejana, "pegar o toiro pelos cornos". Na verdade, o que o PSD - Entroncamento quer dizer, sem todavia ousar ir tão longe, para não perder votos, é que os cem alojamentos previstos, se fossem mesmo concluídos, seriam todos prioritariamente ocupados por ciganos, imigrantes e outros desvalidos, não só porque o modo de atribuição favorece quem tem menos rendimentos e mais filhos, mas também porque a classe média baixa "não quer misturas com essa gentinha". É triste, mas é assim.
Acham que já há na cidade demasiados ciganos e outros cidadãos de fracos rendimentos e com comportamentos problemáticos, pelo que o melhor é não facilitar. 
Insistindo no discurso lateral, semelhante ao dos socialistas, os social-democratas acabam por lançar a confusão no seio do eleitorado, tal como já acontece em Tomar. De tal forma que, a não haver mudança atempada, os cidadãos estarão razoavelmente baralhados em 2025, o que se traduzirá numa abstenção da ordem dos 50%, acrescida dos tradicionais 5 a 7% de votos brancos e nulos, além da previsível subida do Chega. É isso que querem?
Entretanto o primeiro-ministro, hábil político, já pressentiu o perigo que o caso do Entroncamento pode vir a representar para as pretensões governamentais nessa área cada vez mais sensível. Se a moda pega... 
Por isso, ainda ontem ele foi extremamente claro, avançando aos jornalistas que "Não cabe às câmaras municipais definir a estratégia de habitação." Com uma oportuna alteração da legislação em vigor, o Entroncamento ainda acabará por vir a ter os tais cem alojamentos financiados a 100%, mesmo contrariando o voto da oposição unida. Acontece muito nas chamadas "repúblicas das bananas". No caso, há o obstáculo Bruxelas, que António Costa já vai tentando ladear, com esta sua recente declaração.








3 comentários:

  1. Bom dia professor. Não comunico consigo há bastante tempo, tenho estado de baixa e voltei ao Facebook e li o seu artigo no Tomar na rede. Espero que esteja bem. Quanto ao assunto, não haverá também um sentimento da classe média, pagadores de impostos, que eu penso que vote mais PSD de que não é justo ver o valor dos seu imóveis a baixar imenso em consequência de haver muita oferta de imóveis no mercado. É que a habitação é o bem mais precioso para um ser humano, é um investimento e até uma forma de poupança e de garantir o futuro. E quero chamar a atenção para o seguinte: fala-se em habitação de qualidade a custos controlados, o que quer que isso seja: são casas ou apartamentos? Não se sabe. Obviamente que toda a gente prefere as casas, ninguém gosta de viver num apartamento. E depois temos de olhar para o preço: no entroncamento são 17 milhões a fundo perdido para 100 fogos o que dá a modesta quantia de 170 mil euros por habitação, não se sabe se são casas ou apartamentos, e não esquecer que não pagam impostos, taxas municipais, etc... Se calhar a esse financiamento a fundo perdido ainda acrescenta mais financiamento da câmara isenções fiscais, etc, junte-lhe mais 100 mil em cima dos 170, não estamos a falar de uma porcaria qualquer. Hoje as casas novas têm muita tecnologia aplicada, painéis solares, isolamento térmico, etc..., etc..., .. tudo isto vem demonstrar o que eu sempre disse,: "o socialismo ou a social democracia são um incentivo a quem recebe não trabalhar e a quem contribui também a não o fazer, para é que quem contribui há de se esforçar a produzir mais???!!!" Ao fim de 50 anos de democracia a classe média, que é a quem se dirige esse programa, não consegue adquirir habitação, apesar dos mestrados, doutoramentos, etc..., é a prova que o socialismo não funciona. Cumprimentos

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    1. Ora viva, Helder! Folgo em sabê-lo de novo com saúde e cheio de vontade de participar por escrito nos assuntos locais.
      Permita-me uma pequena emenda. De certeza que não leu nada meu no Tomar na rede. Deixei de escrever ou comentar naquele blogue desde os lamentáveis acontecimentos de há mais de um ano, em que praticamente fui forçado a deixar de comentar.
      Votos de boa saúde e boa disposição, para si e para os seus.

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    2. O Tomar na rede publica esporadicamente links para o seus antigos. Gostava de ver os deputados e vereadores PSD e Chega a disertarem sobre o que eu escrevi: se o preço da habitação desce abruptamente o que será das pessoas que contraíram um crédito de 300 mil euros, e já há apartamentos novos á venda por mais do que isso em Tomar, e imagine que há uma descida de 1/3, 33.33% para os 200 mil!!!! É um problema gravissímo. Se houver algum azar, ou vai ser a pessoa que contaíu o empréstimo, ou o fiador, ou o seguro, ou o banco, alguém vai arcar com esse encargo. É um problema gravissímo e foi assim que comecou a crise financeira de 2008, começou nos EUA e alastrou-se ao mundo, em Portugal tivemos de chamar a Troika. E depois os portugueses ainda tiveram de salvar os bancos. É claro que os partidos, inclusive o Chega, não falam nisto. Cumprimentos

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