sexta-feira, 29 de setembro de 2023

A falta de pessoal municipal

Está explicado

Falta de pessoal municipal...

Satisfação, para aqueles tomarenses que, contra ventos e marés, continuam a interessar-se pelos assuntos locais, sobretudo pela política autárquica. Saiu ontem a edição do Anuário financeiro dos municípios portugueses de 2022, o qual fornece uma ampla diversidade de respostas às dúvidas desses cidadãos curiosos, entre os quais avultam naturalmente os jornalistas.
É uma vasta obra, com mais de quatrocentas páginas, que reúne os dados contabilísticos oficiais dos 308 municípios, pelo que seria enfadonho fazer a leitura integral, ou publicar tabelas e mais tabelas, gráficos e mais gráficos. Cada um consulta o que mais lhe convém, de acordo com as suas preocupações do momento.
Tomar a dianteira 3 efectuou uma consulta sumária, procurando resposta ou respostas para a nova doença tomarense, a decadência porca. A falta de limpeza urbana e rural, o lixo acumulado e não recolhido, as ervas que crescem nalgumas artérias citadinas, o mau estado das estradas municipais, o saneamento que nunca mais chega a certas zonas, o tempo que demora a despachar qualquer requerimento, as obras mal acabadas, os gastos exorbitantes com festarolas e outros eventos para entreter, etc. etc.
Dos dados recolhidos, pareceu útil publicar apenas o que segue, para não enfastiar os leitores, que têm sempre mais que fazer. Sobretudo os eleitos e respectivos apaniguados. Quanto a eficiência financeira da autarquia, ou seja afinal a boa gestão dos recursos disponíveis, a situação não é brilhante. Abrantes aparece em 4º lugar no ranking nacional, Ferreira do Zêzere em 98º, Ourém em 183º, Tomar em 265º e Torres Novas em 268º. Situação nabantina muito longe de ser brilhante, mas um pouco melhor que Torres Novas, apesar de tudo.
A comparação dos recursos humanos de cada município, tendo em conta a sua população, permitiu a elaboração deste quadro:

Funcionários municipais e população concelhia em 2022

Município............. Total de funcionários.................População................. %

Torres Novas......................602..................................34.326..................1 > 57
Tomar.................................604..................................36.341..................1 > 60
Abrantes............................543...................................33.795.................1 > 62
Ourém...............................523...................................45.346.................1 > 87
Alcobaça...........................611...................................56.031..................1 > 92
Leiria.............................1.138.................................130.605.................1 > 115

Fonte: Anuário financeiro dos municípios portugueses - 2022

Com um funcionário para cada 60 habitantes, só Torres Novas nos ultrapassa, com um funcionário para cada 57 habitantes. Ou, visto em sentido inverso, em cada 57 habitantes, um é funcionário municipal torrejano. Está assim encontrada a explicação para a evidente degradação da vida local tomarense, acima denunciada -falta de pessoal municipal. E o leitor dirá que não pode ser, pois os outros concelhos do quadro, excepto Torres Novas, têm percentualmente menos funcionários municipais que Tomar, e a situação geral em cada um deles é bem melhor. É verdade, mas então lá se vai a explicação.
Ainda se podia dizer que é falta de eleitos capazes, ou de pessoal competente, mas todos sabemos que seria uma calúnia das grandes. Os eleitos estão sempre acima de qualquer suspeita, e os funcionários municipais, pelo menos os tomarenses, são todos muito competentes, honestos e assíduos, com destaque para os quadros superiores. Volta-se assim ao início: Qual a explicação para a porca decadência nabantina, mencionada mais acima? Maldito Anuário Financeiro! Não podiam estar mudos e quedos?!?!


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