Economia e administração local
Migração da Misericórdia
de Tomar para a Barquinha:
uma bomba de efeitos imprevisíveis
Começa-se por responder antecipadamente às habilidosas aves de rapina locais, que vão fazendo o mal e a caramunha. Criam problemas para irem embolsando, e depois vão dizendo que outros exageram, quando escrevem sobre essas golpadas encobertas. No caso, não é de todo Tomar a dianteira 3 que insiste, mas os leitores que quase suplicam:
Quando é que alguma das entidades envolvidas neste estranho caso consegue explicar, com clareza e transparência, à população, a razão do investimento ser na Barquinha?" (Copiado do Tomar na rede, com os nossos agradecimentos.)
Quem conhece um pouco o provedor da Santa casa, António Alexandre, sabe que está longe de ser perfeito, como qualquer um de nós, mas é muito TOMARENSE. Terá sido portanto com mágoa profunda e as lágrimas nos olhos que decidiu mudar parte da instituição multicentenária que lidera, para o vizinho concelho da Barquinha. Porquê?
Falou-se já no investimento de 7 milhões e nos futuros 80 postos de trabalho, que se vão para a Atalaia e tanta falta fazem em Tomar, mas as outras consequências, bem mais gravosas a médio-longo prazo, continuam ocultas, porque assim convém a determinado grupinho local.
Convém recordar que o actual provedor foi antes vereador PS na Câmara de Tomar, nos mandatos de Pedro Marques, justamente quando foi elaborada e aprovada a primeira versão do PDM. Sabe por conseguinte o que a casa gasta, e tinha fundadas esperanças, nomeadamente após a recente revisão do referido plano. Daí as suas pressões, que foram até ao limite da denúncia pública.
Apesar disso, nada conseguiu em Tomar, porque a actual maioria PS pode ser considerada um simples embuste, na medida em que apenas se preocupa com a sua manutenção no poder, custe o que custar, doa a quem doer. Temos assim uma espécie de teatro trágico-cómico na autarquia: Os eleitos presidem, mas não dirigem nem governam, excepto naqueles sectores sem interesse para o tal grupinho: animação cultural, desporto, limpeza e por aí adiante.
Nos outros, sobretudo nas obras municipais, urbanismo e gestão do território, mandam os de sempre e são mandados os eleitos. -Já antes assim era e com o PSD ainda foi pior, dirão alguns papalvos defensores da actual maioria socialista. E daí? Uma desgraça não justifica a outra. Apenas falta coragem para enfrentar a realidade, porque daí pode resultar também a queda do executivo. Cá se fazem, cá se pagam.
Sabedores de que assim é, os ratões de serviço insistem, persistem e exageram. Impediram que a Câmara acedesse às pretensões da Santa casa, que sempre se recusou a "pagar portagem", porque já cá está desde há mais de quinhentos anos. Temos assim as tais consequências de gravidade imprevisível, pois um executivo camarário refém de um grupinho da casa, assusta qualquer investidor atento. E nenhum estudante minimamente informado quer vir para uma terra onde praticamente não há empregos produtivos, nem alojamento acessível, porque os construtores se foram, para concelhos com portagens menos gulosas. E assim sucessivamente.
Alguns comentadores, que se julgam bem informados, continuarão a culpar a aposta camarária no turismo, algo que realmente nunca. existiu nem existe. Houve, isso sim, quem aceitou "pagar a portagem". Temos assim um hotel 5 estrelas sem parque de estacionamento privativo, uma cafetaria municipal cujo concessionário privatizou de facto as instalações sanitárias públicas, outro hotel com estacionamento gratuito num jardim público para 25 veículos, ou uma célebre cadeia de comida rápida americana que até afixou durante as obras o obrigatório painel informativo, que incluía o nome do "facilitador do negócio". Ou seja, quem negociou os custos da tal portagem. Isto é que vai uma crise, diria a saudosa Ivone Silva.
Esta maioria autárquicas está esgotada. Vão ser mais dois anos dolorosos para todos, com Tomar a regredir de dia para dia. Se em 2025 não aparecer uma equipa vencedora, coesa e capaz de enfrentar e acabar de facto com o tal grupinho, o que não vai ser nada fácil, Tomar está perdida. Definitivamente. Pode levar o seu tempo, mas o cancro municipal acabará por triunfar.
É o requinte da arte de esmifrar, geralmente em 3 tempos. Primeiro ajudam-se os eleitos, propondo-lhes uma série de regras e leis a adoptar, alegadamente para proteger o património e/ou a paisagem. Uma vez aprovadas as leis, ajudam-se os investidores a contornar as ditas regras e leis. Quando algum se recusa a entrar no esquema, não consegue que lhe aprovem o projecto, e fica com a fama de querer meter a mão na massa, da qual dificilmente se consegue livrar.
ResponderEliminarÉ o cúmulo do cinismo, quando os corruptos acusam os investidores de corrupção para se defenderem- Por isso a construção particular quase parou em Tomar, e as obras e festas camarárias custam fortunas. Corromper nunca é barato. Falta porém coragem para enfrentar a triste realidade, dizendo CHEGA!