Crise profunda no IPT
Jornalismo e intervenção cívica
A informação local e a crise no IPT
https://tomarnarede.pt/opiniao/ipt-panorama-de-colocacoes-e-matriculas-2023-2024/
É agora finalmente consensual que a comunicação social tomarense, vulgo informação local, já conheceu melhores dias. Levou o seu tempo, mas a triste realidade acabou por se impôr, mesmo naqueles cérebros mais avessos à realidade nabantina observável.
De todos os órgãos locais escritos ou dirigidos por jornalistas encartados, só o Tomar na rede ainda mantém alguma credibilidade e independência noticiosa. Todos os outros são simples suportes da versão autárquica das coisas. Talvez tendo em conta esse facto, o professor Ribeiro Mendes acaba de publicar no Tomar na rede um texto informativo sobre a grave situação no IPT, no que concerne ao recrutamento de novos alunos e às eleições internas ali realizadas há pouco tempo, nas quais foi candidato vencido.
Trata-se de uma situação original em Tomar, um professor titular de uma instituição de ensino superior que resolve vir a público denunciar factualmente uma realidade insustentável durante muito mais tempo. Li a peça, naturalmente melhorável quanto à forma, como qualquer outra, mas muito forte e justa em termos de conteúdo, susceptível de vir a provocar, algures no futuro, alterações importantes no IPT, pelas quais muitos anseiam.
Pena é que, inadvertidamente, o Tomar na rede tenha reduzido o impacto do texto de Ribeiro Mendes, ao classificá-lo abusivamente como "Opinião". Digo abusivamente, porque é óbvio neste caso o alheamento do administrador daquele site em relação à realidade observável. Lida e relida a intervenção do docente do IPT, constata-se obrigatoriamente que não inclui nenhuma opinião pessoal, mas antes um alinhamento de factos, verificáveis por quem o queira fazer. Como no jornalismo sério, em que o profissional reporta sem opinar. Porquê então o rótulo "Opinião"? Só no PCP ainda prevalece a ideia de que é opinião tudo o que não foi decidido pelo Comité central, nem consta das NEPs.
No caso em questão, a única classificação admissível seria "Tribuna", como se usa designadamente no Le Monde. Um texto em que o autor expõe factualmente determinado assunto, abstendo-se de opinar. A tal ponto que nem aponta eventuais soluções para a grave crise. Situação bem rara em Tomar e em Portugal, também é verdade. A tendência é para misturar tudo, considerando os jornalistas os únicos detentores do direito de informar. Hábitos herdados dos idos de 1975.
Pretende-se portanto, com esta peça, provocar a indispensável mudança de algumas práticas datadas, sem contudo atacar o responsável de Tomar na rede, cujo trabalho se respeita, e que vai fazendo o que pode conforma sabe, num ambiente urbano pouco propício à evolução natural.
Sem comentários:
Enviar um comentário