terça-feira, 26 de setembro de 2023

Habitação social

Em política vale tudo, respeitando as normas

https://otemplario.pt/sociedade/opiniao/em-politica-nao-vale-tudo/

A notícia é d'O Templário online e pode ser confirmada no link supra. A sua diretora, Isabel Miliciano, jornalista experiente e muito competente, deixa perceber forte indignação perante uma votação ocorrida na Câmara do Entroncamento, conforme indícia o próprio título "Em política não vale tudo". Tomar a dianteira 3 foi investigar, apesar de não ser escrito por jornalista encartado. Que aconteceu realmente? Onde? Quando? Como? Porquê?
No Entroncamento, um pequeno concelho vizinho, de vinte mil habitantes (metade da população de Tomar), está no poder uma maioria relativa socialista, com o executivo composto por  3 PS, 3 PSD e 1 CH. Recentemente, o PSD e o eleito do Chega agora independente, uniram-se no voto, e chumbaram a proposta de edificação de um conjunto de 100 alojamentos de habitação social, com financiamento europeu a 100%. Foi um escândalo relativo naquele concelho e na região, pois muitos não entendem semelhante votação, aparentemente suicida. Daí também a mal disfarçada indignação da diretora do Templário.
Investigado o assunto de forma sumária, Tomar a dianteira 3 está em condições de avançar que o ocorrido é afinal muito simples. Numa cidade pequena e jovem, com problemas de marginalidade crescente e uma comunidade de etnia cigana que vai aumentando, há um choque entre duas opções políticas, ambas com igual legitimidade. 
O PS pretende construir cem alojamentos sociais, para aí realojar ciganos e outros beneficiários do RSI, cidadãos que normalmente votam PS, ou mais à esquerda. Enquanto isso, PSD e CH mostram-se mais sensíveis às reclamações da população normalmente alojada e que paga impostos. Não há portanto nada de insólito, e ainda menos de suicida. Só cidadãos formatados pela esquerda podem revelar dificuldade para entender tal opção. Como bem escreve Isabel Miliciano, há muita falta de habitação a custos controlados, mas pode-se também acrescentar que alguma "população RSI" a aguardar realojamento, não faz assim tanta falta, aos olhos de muitos contribuintes habituais. A seu tempo haverá novas autárquicas e logo veremos então se em política vale ou não vale tudo.


Entretanto, procurando dissipar qualquer dúvida, Tomar a dianteira 3 esclarece que nas autárquicas de 2021, PS e PSD ficaram praticamente colados, (três eleitos cada), com o Chega a obter 11,24% e um vereador. Quanto à extrema esquerda, o BE conseguiu 6,72% e a CDU 5,95%.. 
Há 20 anos, em 2001 o BE obteve 14, 55%, elegendo um vereador, e a CDU 10,38%. A queda é portanto evidente em ambos os casos, o que pode explicar a indignação mal disfarçada de alguns, quando afinal se trata de algo normal e corrente em democracia plena: o choque cordato entre aqueles que governam sobretudo para se manterem no poder, como acontece agora em Tomar e a nível nacional, e os que se preocupam mais com o bem-estar da população em geral e o progresso do concelho. Só isso, que não é nada pouco.

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