Imagem Rádio Hertz, com os agradecimentos de TAD3

Autárquicas 2025

O PSD - Tomar 

ou dá o peito às balas ou perde outra vez

TOMAR – PSD avalia 10 anos de Anabela Freitas: «Mérito pela dedicação à causa pública (…) mas governação sem rumo e a gastar dinheiro público para manter o status quo» (c/vídeo) | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

Já aqui foi escrito antes, mas convém repetir, que a memória é fraca. Em 2013, não foi o PS que venceu em Tomar. Foi o PSD que perdeu, por evidente falta de comparência à altura. E a situação repetiu-se em 2017 e 2021. Sem ideias, nem programa, nem candidatos com envergadura cultural ou política, os socialistas venceram nas urnas "porque os outros ainda são piores", conforme costuma dizer um dos raros teóricos do PS local.

De forma simplificada, para melhor entendimento, pode dizer-se que os social-democratas nabantinos nunca se assumiram realmente como oposição nos dois mandatos iniciais do "freitismo". Pelo contrário, sempre tentaram ser "compagnons de route", à moda da extrema esquerda,  o mais parecidos possível com os socialistas. Para agradar ao eleitorado. Chegou-se ao cúmulo de avançarem com uma candidata que era praticamente a gémea de Anabela Freitas, com quem recusou um frente a frente, apesar de dispôr de melhor bagagem académica.

Com a ascensão de Tiago Carrão, a situação alterou-se para melhor, o que tem incomodado bastante a maioria rosa, mas parece insuficiente para conseguir vencer em 2025. Há uma ideia, cuja autoria me escapa, segundo a qual quem inicia uma revolução, ou a leva até ao fim, ou acaba vitimado por ela. O PSD - Tomar está agora nessa situação pouco confortável.

No âmbito da mudança política começada por Tiago Carrão, o seu companheiro de lista Luís Francisco leu uma "avaliação de desempenho" da presidente, na última reunião do executivo presidida por Anabela Freitas, a qual surpreendeu e desagradou profundamente aos socialistas. A tal ponto que um vereador da maioria já veio a público, (num semanário local de pouca credibilidade), criticar asperamente o vereador social-democrata, como se este tivesse cometido um crime de lesa-majestade, quando afinal se limitou a desempenhar as funções para as quais foi eleito. Falta de hábito democrático. Intolerância. Fanatismo. Nervosismo prematuro. Tentativa de inibição por parte do aparelho socialista.

Tomar a dianteira 3 ouviu com atenção a intervenção em causa, que pelo contrário considera demasiado moderada, e aquém do necessário para abrir caminho rumo ao êxito. Em Tomar, em Setembro 2023, é preciso muito boa vontade para considerar a presidente socialista um caso de "dedicação ao serviço público", quando todos sabemos que, eleita para um mandato de quatro anos, vai renunciar a meio, porque entretanto lhe apareceu uma outra colocação, mais vantajosa, com a duração de cinco anos. Se isto não é oportunismo, um asno não é um burro. E oportunismo não é de forma alguma compatível com dedicação ao serviço público.

Luis Francisco pretendeu ser simpático. Mas  se os social-democratas nabantinos querem mesmo vencer o PS em 2025, terão de ser mais acutilantes na vereação, deixando-se de simpatias balofas,  e começando  a pensar numa ampla coligação de direita. 

Nesta altura, por exemplo, era capaz de ser boa ideia publicar um texto com a posição do PSD sobre o tipo de organização, as falhas e o custo escandaloso dos tabuleiros, exigindo uma auditoria externa às contas, e um inquérito administrativo aos serviços da autarquia, visando apurar se têm sido cumpridas todas as obrigações fiscais e as normas de contratação pública. 

Simples eleitor e cidadão contribuinte, gostaria muito de saber, por exemplo, como são conferidas ou não as horas extraordinárias declaradas pelos funcionários municipais, nomeadamente no âmbito da Festa dos tabuleiros,  que além de alegadamente promover Tomar, é bem capaz de também promover outras coisas, nem sempre tão legais assim. Como fuga ao fisco, por exemplo.  Uma imoralidade nos tempos que correm, com os contribuintes que não podem fugir a serem esmifrados até ao tutano.

Se o PSD também deixa passar tudo isso, fechando os olhos, "para cumprir a tradição", então mudar para quê? Ou arranjam coragem para dar o peito às balas, correndo o risco calculado de desagradar a alguns, ou perdem outra vez e continuam a prejudicar Tomar, sem disso se darem conta. Tomar merece sempre melhor, para retomar a dianteira, em vez de continuar nesta apagada e vil tristeza.