quinta-feira, 28 de setembro de 2023

 


Santa Iria não era árabe, pois não? Parece que não, pois segunda a lenda foi martirizada em 635 e o Iacub El Mansur só invadiu a península ibérica a partir de 711. Então porque raio aparece a nossa santinha com um "hijab" árabe? Há qualquer coisa que não bate certo.

Eventos nabantinos

"Feira da Santa Foi"


Ainda as contas finais dos tabuleiros 2023 não estão apuradas, e já a Câmara anuncia mais um mega-evento de nove dias, com um título pouco comum: "Feira de Santa Iria é tradição que se reinventa em Tomar". Perante tal originalidade vocabular, Tomar a dianteira 3 resolveu seguir o exemplo: "Feira da Santa Foi, em Tomar". Porque, bem vistas as coisas, a multicentenária feira nabantina já foi. O cartaz já nem menciona a tradicional "Feira das passas", ao contrário do que era costume. Deve-se portanto modificar o verbo, do condicional "Iria", para o pretérito perfeito "foi". "Já foste", costuma dizer o apresentador do "Preço certo".  Agora a velha feira é outra realidade. Por isso, os seus organizadores falam de reinventar, que significa criar outra coisa, a partir do que existia.
Naturalmente diminuída ao longos dos tempos, pela evolução da estrutura mercantil do país,  como todas as outras, a tradicional feira tomarense tem sofrido além disso de dois transtornos maiores: a falta de um terreno suficiente para a sua localização homogénea e a manifesta falta de habilidade das sucessivas estruturas organizadoras. Donde resulta o que temos e vamos continuar a ter.
Com o realojamento dos ciganos, o Flecheiro tornou-se num magnífico terreno plano, ideal para concentrar toda  a feira, ou grande parte dela, a par com o mercado municipal. Infelizmente, as cabeças que dirigem, ou ajudam a dirigir a autarquia, preferiram transformar o antigo milheiral da Marchanta num relvado com relevo artificial, cuja principal utilidade parece ser, assim à priori e sem sombra por falta de árvores grandes, mijadouro a cagatório para cães de companhia. Com um parque infantil desmontável. Podia lhes ter dado para pior.
Em nove longos dias, porque imperou outra vez a mania das grandezas, em detrimento do realismo, vamos ter um concerto à borla por noite, em ambiente festivo,  com "street food" e tudo, (que faz mal à saúde, mas é moda), numa área descontínua em que há também o que resta da feira ancestral. Ou seja, nova edição da Festa grande, desta vez sem tabuleiros e com algum comércio, para abrilhantar a folia, com pretensões a mega-evento.
Quanto à essencialidade da feira nas circunstâncias actuais, aquilo que a poderia tornar grande a nível nacional e autêntica em termos tradicionais, estará desta vez, se não erro, a nascente do Palácio da justiça. Refiro-me à`"Feira das passas", outrora das mais importantes do país, quando se realizava na Rua dos Arcos desde sempre, mas ultimamente reduzida a uma simples curiosidade local, e pouco mais. De tal forma que o vizinho concelho de Torres novas, aproveitando a inércia tomarense,  já organiza desde há alguns anos a "Feira nacional dos frutos secos". Quando uns não sabem, nem querem aprender, outros aproveitam. Sempre assim tem sido.
Transformar a nossa multicentenário Feira das passas na referência a nível nacional, não seria assim tão difícil. Exigiria porém muito trabalho e muita persistência, junto dos fruticultores do concelho e da região, aliciando-os com bons proventos sob a forma de vendas e de subsídios vários. Mas é muito mais fácil e eficaz, em termos eleitorais, subsidiar colectividades culturais e desportivas. Até que um dia, acabam-se os subsídios por falta de contribuintes que os financiem. Já faltou mais. Por enquanto ainda só faltam médicos, professores, militares, funcionários do registo civil...

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